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Pergunta 33 – O que é adoção?

33. Pergunta. O que é adoção?

Resposta. A adoção é o ato da livre graça de Deus (1), pela qual somos recebidos no número dos salvos, e temos o direito a todos os privilégios dos filhos de Deus (2).

1. I João 3:1. “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus”.

2. João 1:12. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome”. Romanos 8:17. “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”.

Introdução:

“Esta benção da graça é ainda mais grandiosa do que a justificação. Embora um juiz possa absolver totalmente alguém que esteja sendo acusado de crime, não pode, contudo, conferir ao que foi absolvido nenhum dos privilégios que o filho tem. Mas o crente em Jesus Cristo tem o privilégio de poder considerar Deus não apenas como um juiz e justificador, mas um Pai amoroso. O problema de como colocar o pecador justificado na família de Deus foi resolvido (Jer. 3:19). Uma vez distante, ele agora é trazido para perto de Deus mediante o sangue de Cristo, e feito membro da família de Deus (Efésios 2:13, 19)” – Dagg, p. 220.

O significado da adoção. Existem duas maneiras de entender a palavra “adoção”. Uma é do ponto de vista do mundo natural, ou seja, alguém de uma família é desejado e colocado legalmente numa outra. Uma outra é pelo ponto de vista da lei Romana.

Um exemplo da primeira maneira é Moisés quando a filha de Faraó o adotou (Êx. 2:10; Hebreus 11:24). Pela ação de Faraó, Moisés, alguém de uma família, é desejado, pela filha de Faraó, e colocado legalmente numa outra, a de Faraó. Por nós sermos uma vez nos laços do diabo (II Tim 2:26) e por natureza filhos da ira (Efés. 2:3) situação na qual éramos estrangeiros e sem Deus do mundo (Efés. 2:12), pode ser dito que somos, pela obra de Cristo na cruz, e a operação do Espírito Santo em nossos corações com o fruto da fé, tirados de uma família, a das trevas e da ira, desejados, pela graça de Deus, e feitos filhos de Deus legalmente com todas as bênçãos de Cristo, na família da Luz e do amor (Romanos 8:16,17).

Uma outra maneira de entender a adoção é pelo ponto de vista da lei Romana, ou seja, o filho da família Romana séria, numa certa idade, legal e formalmente adotado. Essa cerimônia faz que o filho seja colocado na posição de um filho legítimo e, assim, dado todos os privilégios de um filho. A participação do filho não trouxe ele na família (pois ele já estava na família), mas reconheceu ele como filho diante da lei Romana. Um exemplo disso entendemos pelo escrito de Paulo em Gálatas 4:1-7. Por nós sermos tornados pela regeneração “filhos de Deus” agora, pela adoção, tornarmos legal e formalmente um filho com todas as bênçãos do Pai (Bancroft, p. 240).

A adoção é diferente do que a justificação. Muitos acham que a adoção é a mesma coisa da justificação. Existem várias razões que enfatizamos que a adoção é distinta da justificação mesmo que sejam inter-relacionados.

  • Existem duas palavras distintas na Palavra de Deus: justificação e a adoção. Se essas duas palavras fossem iguais no significado seriam conhecidas pela mesma palavra.
  • As duas doutrinas, justificação e adoção, falam de mudança de relacionamentos com Deus mas, os relacionamentos não são iguais. Na justificação, Deus, como rei e juiz, torna de olhar ao pecador como um cidadão e de um justo. É um relacionamento legal baseada na justiça de Cristo. Na adoção, Deus, como pai, torna de olhar ao salvo como filho. É um relacionamento familiar baseada no amor (I João 3:1).
  • A justificação é do Pai somente na qualidade de rei e juiz. A adoção é tanto do Pai quanto do Filho (João 1:12).
  • Pela justificação tornamos de ter paz com Deus (Romanos 5:1; 8:1,2). Pela adoção tornarmos a ter um relacionamento de amor com Deus (Romanos 8:15).
  • Pela justificação a pena e o poder do pecado são eliminados. Pela adoção a presença do pecado na vida do cristão é tratada com a correção paternal (Hebreus 12:5-11).

33.1 A adoção é o ato da livre graça de Deus (1), pela qual somos recebidos no número dos salvos, e temos o direito a todos os privilégios dos filhos de Deus (2).

1. I João 3:1. “Vede quão grande amor nos tem concebido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus”.

A origem da adoção não vem do homem mas de Deus. O homem não convertido e não justificado não tem direito diante de Deus para ser adotado. O homem natural não pode pensar que ele tem um direito natural diante de Deus por ser uma criação superior de toda a criação natural. Se o homem tivesse qualquer direito para mandar em Deus por ser originalmente criado na imagem de Deus, todo e qualquer homem teria direito à adoção.

O homem regenerado e feito vivo espiritualmente também não tem direito diante de Deus de ser adotado. O homem regenerado e convertido não é mais condenado, mas, mesmo assim, não tem direito ao amor de Deus. O amor de Deus pelo cristão não é por merecimento nenhum. Por isso a adoção não é um direito do homem espiritual.

A origem da adoção é um dom de amor de Deus aqueles que têm união com Cristo, o Unigênito filho. A verdade é que a adoção vem, não de qualquer direito de homem algum, mas pelo “beneplácito de Sua vontade”, a vontade de Deus (Efésios 1:5). A adoção é dada somente pela obra de Cristo e dada em amor a todos que vem a Cristo pela fé (João 1:12). A adoção é herdada no começo da carreira cristã quando ainda não há mérito nenhum pelas obras da obediência do cristão (I Coríntios 1:26-29).

A natureza da adoção é revelada em que ela é resultada de uma escolha de Deus a aceitar na Sua família os que eram estrangeiros e peregrinos “como concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios 2:19). A adoção enfatiza o fato que o cristão participa da natureza santa de Cristo, pela união com Seu Próprio Filho (João 17:21-23; II Pedro 1:4, “participantes da natureza divina”).

Seria bom diferenciar a adoção dos homens e a adoção de Deus. O homem escolhe um filho de uma outra família e pensa das qualidades reais ou supostas que este filho tem que podem ser agradáveis e meritórias, porém Deus, na adoção do Seu povo, produz as qualidades por Si mesmo naqueles que Ele escolhe. O homem pode dar bens e o seu próprio nome a quem adota, mas não pode mudar a descendência de quem ele adota, nem transformá-lo na sua própria imagem; porém Deus, faz que os que Ele adota não só participem do Seu nome e das Suas bênçãos celestiais, mas também da Sua própria natureza, mudando e transformando-os na Sua própria imagem (Haldane, p. 357; II Pe. 1.4).

O tempo da adoção é de eternidade a eternidade: A adoção é eterna na sua concepção (Efésios 1: 4,5, “antes da fundação do mundo … E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo”). A adoção começa literalmente no ato da salvação (João 1:12; Gálatas 3:26, “todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”). A adoção é futuramente eterna pois ela passará pela morte a transformação do corpo (Romanos 8:23, “e esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”; II Coríntios 5:10; I João 3:1-3, “agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser”). É também entendida que a adoção é eterna por ela não depender na obra de nenhuma criatura mas completamente na obra santa do Criador (I Coríntios 1:30; Romanos 9:11; 11:5,6).

33.2 A adoção é o ato da livre graça de Deus (1), pela qual somos recebidos no número dos salvos, e temos o direito a todos os privilégios dos filhos de Deus (2).

2. João 1:12. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome”. Romanos 8:17. “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”.

As bênçãos de adoção são inúmeras e gloriosas. Por sermos adotados na família de Deus temos: o nome da família (I João 3:1, “chamados filhos de Deus”; Efésios 3:14,15); a identidade da família (Romanos 8:29, “a imagem de seu Filho”); o amor da família (João 13:35, “nisto todos conheceram que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros”; I João 3:14); o espírito da família (Romanos 8:15, “recebestes o Espírito de adoção de filhos”; Gálatas 4:6), e, a responsabilidade da família (João 14:23, 24, “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra”; João 15:8). Outras bênçãos ainda poderiam ser listadas, quais são:

1. A confraternidade íntima com Cristo e Deus (Gálatas 4:7, “já não és mais servo, mas filho”; João 15:15). Essa relação íntima é percebida pelos termos com qual o filho adotivo chama Deus de Pai: “Aba Pai”. Cristo chamou Seu Pai pelo mesmo título (Marcos 14:36) e o filho adotivo situa-se na mesma posição do Unigênito Filho de Deus para com o Pai, e assim também O chama pelo mesmo título amoroso (Romanos 8:15; Gálatas 4:6).

2. A presença verdadeira e segura do Espírito Santo – Romanos 8:16. Romanos 8:15 não quer dizer que somente recebemos uma adoção espiritual mas ensina que recebemos o próprio “Espírito de adoção” que indica uma nova natureza espiritual e possessão do próprio Espírito Santo (Matthew Henry, V. III, p. 963.)

3. A orientação do Espírito Santo (Romanos 8:4, 14; Gálatas 5:16). O mesmo Espírito que nos convenceu do pecado, e da justiça e do juízo (João 16:8) é o mesmo que continua conosco assegurando-nos na fé, nos dando o Seu fruto, nos levando a apreciar a Palavra de Deus que Ele inspirou, pois temos muita oposição interna e externa dessa confiança de sermos filhos de Deus.

4. Uma consciência real da posição nossa com Deus (Romanos 8:15, “Aba Pai”; Gálatas 4:6). A expressão, “Aba Pai”, é uma expressão reservada, entre os judeus, para ser usada somente por pessoas livres. Nenhum escravo poderia chamar o seu senhor, “Aba”, ou a sua senhora, “Imma”. O uso dessa expressão por Paulo relata o privilégio livre e familiar que temos para com Deus pela adoção (Haldane, p. 358). A consciência dessa posição real desfruta um acesso aberto para com o Pai (Efésios 3:12, “temos ousadia e acesso com confiança”; Hebreus 10:19-23).

5. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17; I Pedro 1:3-5, “herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós”; Apocalipse 21:7, “herdará todas as coisas”; I Coríntios 3:21-23, “tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus”).

6. As bênçãos indizíveis da glória futura (I João 3:2, “ainda não é manifestado o que vemos de ser … Seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”).

7. A correção paternal (Hebreus 12:5-11) e cuidado constante e amoroso (Mateus 6:32, “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais todas estas coisas”; Lucas 12:27-33; João 17:22,23, “E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste, para que seja um, como Nós somos um … E que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim”; 16:27).

Concluindo o estudo entendemos como a adoção é graciosa e gloriosa. Tanto mais que estudamos o assunto da salvação percebemos melhor do grande amor que tem nos concedido o Pai que fôssemos chamados filhos de Deus (I João 3:1). Os que têm tais bênçãos, tanto pelo conhecimento delas quanto pela operação da nova natureza, serão incentivados a serem puros como Aquele que os chamou a tais bênçãos é puro (I João 3:3, qualquer e que nele têm nesta esperança purifica si a si mesmo, como também ele é puro”). As bênçãos dadas pela adoção são muito além de um dever seco de uma religião com cerimônias, tradições, filosofias ou emoções forçadas. Essas qualidades não têm nenhuma posição abençoada para com Deus pois dependem das ações e intenções do homem e nem um pouco na obra graciosa de Cristo. Se você se descobre somente religioso o aviso é: deixe as suas obras de justiça que procuram ganhar a graça e a misericórdia de Deus. Lance-se aos pés de Deus clamando pela salvação dEle que vem somente por Cristo em amor, e confiar naquela salvação que é completa nEle.

Compilado pelo Pastor Calvin Gardner
Correção gramatical: Edson Elias Basílio, 04/2008 e
Robson Alves de Lima 11/2011 Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

Published inBíbliaCatecismo de C. H. Spurgeon