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Caridade, a soma de todas as virtudes

O amor bíblico e seus frutos – Exposição de 1 Coríntios 13 – Capítulo 1

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Coríntios 13: 1-3

As palavras do nosso texto indicam que a caridade é um assunto de peculiar e especial importância. Esta virtude é mais enfatizada do que as todas as outras em todo o Novo Testamento. A caridade, por definição, significa amor, ou aquela disposição ou afeição pela qual uma pessoa é querida pela outra. Esta palavra (caridade) fala do amor Cristão em sua plenitude, quer exercido por Deus ou pelo homem.

A grande doutrina ensinada aqui é que toda graça e virtude concedida a uma pessoa através da salvação, e que distingue os Cristãos das demais pessoas, se resumem nesta qualidade única chamada amor. O amor é tão vital, que sem ele, todas as outras qualidades não tem valor algum. O amor é superior a tudo, e todas as outras virtudes estão contidas ou implícitas nele.

I. A NATUREZA DO AMOR CRISTÃO.

Todo amor cristão verdadeiro é único, e igual no que diz respeito a seus princípios. A despeito do seu objeto, grau, e modo de expressão, este amor jorra de uma mesma fonte. Por isso ele se distingue de outros tipos de amor que são inferiores, e que brotam de vários princípios, motivos, e pontos de vista.

É o Espírito Santo que influência o coração do Cristão nos diferentes aspectos desta virtude. O seu trabalho é um trabalho único, que nos leva a amar de forma imediata tanto a Deus quanto aos homens. Além disso, cada faceta do amor Cristão brota de um único motivo, ou seja, o amor a Deus e a Sua excelência, beleza, e santidade. Nós amamos os homens caídos porque foram feitos à imagem e semelhança de Deus. Nós amamos os remidos porque, a cada dia, eles se tornam mais semelhantes a Deus. O amor a Deus é o fundamento do amor gracioso demonstrado ao homem.

II. PROVAS DE QUE O AMOR CRISTÃO É A SOMA DE TODAS AS VIRTUDES.

A razão nos ensina esta verdade. A verdadeira natureza do amor concede ao homem a direção apropriada para agir com todo respeito, tanto para com Deus, quanto para com os homens. Nenhum outro encorajamento se faz necessário. O amor nos incentivará a honrar, adorar, crer, e obedecer a Deus. O amor nos incentiva a agir como filhos diante do nosso Pai celestial. A alma que ama a Deus se deleita em ser humilhado, ao mesmo tempo em que Ele é exaltado. Quanto ao nosso próximo, o amor nos incentiva a todo comportamento nobre, como a honestidade, mansidão, ternura, e misericórdia. O amor nos afastará de toda inimizade, crueldade, e egocentrismo. O amor não faz mal ao próximo (Romanos 13: 10). O amor nos dá a disposição de cumprir todos os deveres ordenados por Deus em nossos relacionamentos neste mundo. Se o princípio do amor está implantado no coração, ele sozinho é capaz de produzir todas as boas ações, pois ele abrange cada virtude.

Por isso dizemos novamente: a razão nos ensina que sem o amor, todas as aparentes virtudes e realizações são imperfeitas e hipócritas. A obediência sem amor é fingida e vã. Aquele que não ama a Deus não irá respeitá-Lo, e muito menos confiar nEle. Sem o amor, toda boa conduta externa não passa de hipocrisia vazia.

As Escrituras nos ensinam que o amor é a soma de todas as virtudes. Tudo o que as Escrituras requerem do homem se resume nesta única virtude. Porque quem ama aos outros cumpriu a lei… De sorte que o cumprimento da lei é o amor (Romanos 13: 8, 10). O amor nos leva a obedecer aos Dez Mandamentos. Todos os nossos deveres morais se resumem nos mandamentos de amar a Deus e ao nosso próximo (Mateus 22: 37-40). Já que o amor é a soma de todos os nossos deveres, então ele também deve ser a soma de todas as virtudes existentes.

O fato de a fé operar pelo amor (Gálatas 5: 6), isso nos ensina que o amor é a soma de todas as virtudes.

A fé produz boas obras, e essas boas obras são o fruto do amor. Portanto, necessariamente, o amor é de fato um elemento essencial e distinto da fé verdadeiramente viva. O amor não é um ingrediente da fé especulativa, mas a vida e a alma da fé prática. A primeira consiste somente em um consentimento do entendimento, enquanto a última, um consentimento de coração. A fé do diabo é sem qualquer amor, enquanto o amor é o fator principal da fé verdadeira. O amor e a fé estão tão intimamente ligados, que o consentimento do coração não pode ser diferenciado do amor do coração. Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido (I João 5: 1). Para os Judeus incrédulos, nosso Senhor poderia dizer: não tendes em vós o amor de Deus (João 5: 42). Toda obediência Cristã é chamada de obediência da fé (Romanos 16: 26). Sabemos que qualquer coisa que a fé realize, o faz pelo pelo amor, e então podemos dizer que o amor envolve todos os nossos deveres, tanto para com Deus, quanto para com os homens.

Vamos então aplicar esta verdade a nós mesmos.

AUTO-EXAME.

O que conhecemos desse amor? Nós praticamos este amor com Deus e também com o próximo, especialmente para com aqueles que são filhos de Deus? A nossa vida diária demonstra este espírito de amor, como aquele que se fazia presente na vida de nosso Senhor Jesus Cristo?

Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.

Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?

Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.

E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações (I João 3: 16-19).

INSTRUÇÃO.

Esta doutrina nos mostra o que é um espírito Cristão correto. Quando os discípulos quiseram fazer chover fogo do céu sobre os Samaritanos, nosso Senhor os repreendeu dizendo: “Vós não sabeis de que espírito sois (Lucas 9: 55). Cristo não disse que os discípulos eram ignorantes a respeito do seus próprios desejos, mas sim do espírito e do temperamento próprio de um Cristão. Eles demonstraram ignorância quanto a verdadeira natureza do reino de Cristo, um reino de amor e paz. A graça do amor é tão célebre que pode ser chamada de “a virtude Cristã”. O evangelho transborda de amor, amor entre as pessoas da Trindade, e amor para com os pecadores indignos. Os remidos são constantemente ensinados e exortados a amar a Deus, os irmãos, e até os seus inimigos.

O amor é tão necessário, que a nossa profissão de fé pode ser testificada pela presença ou ausência desta virtude. O conhecimento da verdade é sempre acompanhado pelo amor na alma, amor esse voltado a Deus e a tudo o que lhe é apropriado. É inconcebível que uma pessoa diga que conhece a Deus e, no entanto, seja vazia de amor para com Ele.

Nisto está a beleza do espírito Cristão. O espírito do amor é o espírito do próprio céu.

Nisto está a felicidade da vida Cristã. Uma vida de amor é uma vida prazerosa.

Aqui aprendemos porque as brigas e discórdias tendem tanto a destruir a verdadeira religião. A piedade e as contendas não podem viver juntas. A religião sofre quando há contendas desnecessárias entre aqueles que a professam.

Cabe a cada Cristão guardar-se cuidadosamente contra a inveja, a malícia, e a amargura. Estas atitudes contradizem tudo aquilo que professamos. Devemos evitar qualquer atitude inicial nestes pecados. Qualquer coisa que nos impeça de demonstrar amor aos homens, também nos impedirá de demonstrar amor a Deus, pois como vimos anteriormente, todo amor Cristão tem um único princípio.

A ordem para amar aos nossos inimigos não deveria nos causar surpresa alguma. Esta é a soma do verdadeiro Cristianismo. Este é o verdadeiro espírito de Cristo e de nosso Pai celestial: Amar o pior dos inimigos, e até o principal dos pecadores.

EXORTAÇÃO.

Vamos buscar e conservar este espírito de amor. Cresçamos nisso mais e mais. Vamos abundar em obras de amor. Se você é um Cristão, onde estão as suas obras de amor? O que você tem feito por Deus, por Sua glória, e pelo avanço do Seu reino aqui na terra? O que você tem feito pelo seu próximo?

Não desculpe a si mesmo dizendo que não tem tido oportunidades. Se o seu coração transborda de amor, então sempre encontrará oportunidade de expressá-lo em obras. Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade (I João 3: 18).

Um sumário de “Charity and Its Fruits” editado por Daniel A. Chamberlin e traduzido por Eduardo Alves Cadete em 2012

Published inO amor bíblico e seus frutosVida cristã