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A caridade não deve ser vencida pela oposição

O amor bíblico e seus frutos – Exposição de 1 Coríntios 13 – Capítulo 14

“O amor…tudo suporta” (I Coríntios 13: 7).

Não devemos presumir que o apóstolo nesta frase está simplesmente repetindo aquilo que já havia dito no verso 4, o amor é sofredor, ou mesmo o início do presente verso, o amor tudo sofre. Todas as três declarações tratam de assuntos diferentes. Como vimos anteriormente, a primeira fala da paciência com que devemos suportar as injúrias. A segunda trata do sofrimento causado pela perseguição em razão de sermos Cristãos. No texto acima, o princípio é que a caridade não deve ser vencida pela oposição dirigida contra ela. Em outras palavras, a verdadeira graça Cristã irá permanecer firme em seu propósito, a despeito de toda oposição dirigida contra ela.

I. HÁ MUITA OPOSIÇÃO CONTRA A GRAÇA NO CORAÇÃO DO CRISTÃO.

Inimigos contrários ao princípio da graça nos filhos de Deus são inúmeros. Estamos cercados por eles de todos os lados. Somos peregrinos passando por cidades inimigas, sujeitos a ataques constantes e repentinos. O diabo e seus demônios são nossos inimigos cruéis. O mundo nos tenta de várias maneiras. Também carregamos conosco um vasto número de inimigos, presentes em nossos pensamentos e inclinações. Portanto, muitos e fortes são estes inimigos da vida Cristã, e por isso a Bíblia nos diz que estamos em combate. Todos eles são irreconciliáveis, e juram permanecer em amarga animosidade contra nós, a fim de destruir a obra da graça em nossos corações. Às vezes um, outras vezes outro, e por vezes todos se unem num só ataque contra nós. Assim como num dilúvio, eles buscam nos envolver e engolir. A obra da graça de Deus, resumida na caridade, é exposta como uma faísca de fogo no meio de uma tempestade.

Vamos agora considerar a verdade do nosso texto.

II. TODA OPOSIÇÃO CONTRA A GRAÇA NO CORAÇÃO É INCAPAZ DE VENCÊ-LA.

Isso não quer dizer que os inimigos da nossa alma não obtenham algumas vitórias contra nós. Eles até podem fazer que a obra da graça chegue à beira da ruína em nós. O leão pode atacar o cordeiro com seus rugidos assustadores e com sua grande boca. Ele pode segurar o cordeiro em suas mandíbulas. Sim, ele poderá até engoli-lo, como Jonas foi engolido pelo grande peixe, mas assim como Jonas, ele será trazido à tona novamente, e vivo. Muitas passagens das Escrituras ilustram esta verdade. Israel ficou totalmente cercado diante do Mar Vermelho, e parecia que tudo estava perdido, mas Deus livrou Seu povo. Davi por várias vezes ficou a um passo da morte, mas Deus o preservou. O barco no qual Jesus se encontrava dormindo quase foi a pique, mas Deus o manteve sobre as ondas. Do mesmo modo, as portas do inferno nunca prevalecerão contra a igreja de Cristo, e nem contra a graça presente em nossos corações. A Sua semente permanece em nós (I João 3: 9), e nada pode desarraigá-la. No fim, a graça irá subjugar todos os inimigos debaixo dos seus pés. As humilhações do deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.

Vamos considerar duas razões pelas quais toda oposição nunca poderá vencer a graça no coração.

Primeiro, a verdadeira graça, diferente da falsa, carrega em sua própria natureza a perseverança. A falsa graça é externa e superficial, mas a graça verdadeira alcança o fundo do coração e envolve a mudança da natureza que perdura. A falsa graça não mortifica o pecado, deixando-o vivo e ativo, mas a graça verdadeira luta mortalmente contra ele. Embora ela possa afetar as emoções, a falsa graça não está fundamentada em uma convicção verdadeira da alma, mas a genuína tem um fundamento firme e convicto, que é duradouro.

Segundo, Deus preserva a verdadeira graça, pois Ele mesmo a implantou na alma. Ele simplesmente não permitirá que nenhum tipo de oposição venha destruí-la. Não estamos impedidos de cair por causa da própria natureza inerente da graça, mas pelo poder de Deus (I Pedro 1: 5). Afinal, Adão e Eva eram santos e não possuíam uma natureza caída, mas ainda assim foram vencidos. Considerando a natureza corrupta que ainda habita no Cristão, podemos concluir o quanto necessitamos que Deus preserve a Sua graça em nós. Deus realmente preserva a Sua graça em nós porque Ele assim o prometeu. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR o sustém com a sua mão. E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim.

E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.

E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. O Seu propósito vai desde nos pré-conhecer a fim de nos predestinar, chamar, justificar, e nos glorificar para sempre. (Salmo 37: 24; Jeremias; João 6: 39; 10: 28; Filipenses 1: 6; Judas 24; Romanos 8: 29-30). Por que Deus preserva a obra da graça em nós e não permite que qualquer tipo de oposição venha a derrotá-la? Aqui temos sete respostas para esta questão.

Primeiro, a redenção em Cristo garante a nossa perseverança. De outra forma, ela não seria uma redenção completa. Se a nossa perseverança dependesse exclusivamente de nós, como poderíamos esperar fazer algo melhor do que o próprio Adão antes da sua queda?

Segundo, a aliança da graça foi introduzida para suprir aquilo que faltava na primeira aliança. A coisa principal que faltava na aliança feita com Adão era um alicerce firme de perseverança na piedade. A vontade do homem era a sua própria base, e por isso estava sujeito a mudanças. Mas Deus estabeleceu uma nova aliança, melhor do que a primeira porque é duradoura, a qual não pode falhar, e por isso é chamada repetidas vezes de aliança eterna. O cabeça e a segurança da primeira aliança era susceptível a falhas, mas Deus proveu como cabeça e segurança da nova aliança Alguém que não pode falhar. Com Cristo como o nosso representante esta aliança está em tudo bem ordenada e guardada.

Terceiro, uma vez que a Aliança em Cristo se fundamenta na graça, não seria justo que a recompensa da vida dependesse da força do homem em perseverar. Pelo contrário, a graça livre e soberana é quem toma esta responsabilidade por nós. Não somos deixados sob o poder da nossa própria vontade, mas no do Deus de toda a graça.

Quarto, Cristo, como nosso fiador, já perseverou, venceu, e conquistou. Uma vez que Ele já cumpriu os termos da aliança, a perseverança final do Seu povo é certa.

Quinto, a doutrina da justificação assegura que todos os pecados do homem remido foram pagos para sempre. Eles não podem ser trazidos novamente contra ele no tribunal celestial. A justificação não depende da nossa perseverança, mas a nossa perseverança flui da nossa justificação.

Sexto, as Escrituras nos ensinam que a vida do Cristão está escondida em Cristo e procede desta união vital com Ele. Ele nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)… E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus (Efésios 2: 5-6). Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim (Gálatas 2: 20). Uma vez que Cristo está vivo, e vive para todo o sempre, e que a morte não tem mais domínio sobre Ele (Hebreus 7: 25; Apocalipse 1: 18; Romanos 6: 9), nossa vida espiritual não tem como ser interrompida!

Sétimo, Cristo introduziu o princípio da graça em nossos corações a despeito da grande oposição. Os inimigos da graça não são uma novidade. Mas se o Seu soberano poder triunfou na graça, este mesmo poder também nos sustentará, não permitindo que venhamos a cair.

Enquanto buscamos aplicar esta preciosa doutrina, vamos observar os pontos a seguir.

I. APRENDERMOS UMA DAS RAZÕES PELAS QUAIS O DIABO SE OPÕE TÃO FEROZMENTE A CONVERSÃO DOS PECADORES.

Ele sabe que uma vez convertidos, uma vez que a graça faça parte de suas almas, eles ficam fora do alcance do seu poder destruidor. Portanto, ele está sempre ativo, e se opõe violentamente àqueles que estão sendo iluminados, ou estão sob convicção do pecado, ou buscando a Cristo. Ele fará todo o possível para extinguir suas convicções de pecado, e a se sentirem felizes e realizados com uma vida pecaminosa. Ele muitas vezes os bajula, e depois os desencoraja. Ele os leva a lutar contra Deus. Ele tenta alguns a abusarem da verdade a respeito dos decretos de Deus, recorrendo ao fatalismo. Ele tenta alguns com o temor do pecado imperdoável. Alguns Ele tenta com a falsa segurança da salvação. Seus métodos são inúmeros, e Ele os utiliza com toda volúpia, pois sabe que não pode derrotar um verdadeiro convertido a Cristo.

II. APRENDEMOS QUE AQUELES QUE ABANDONAM A GRAÇA, NUNCA NA VERDADE A POSSUÍRAM.

Muitas pessoas são afetadas inicialmente pela verdade, mas assim que o romance acaba, eles voltam à sua velha vida. Eles somente provam que são estranhos quanto à verdadeira graça. Eles falham em provar II Coríntios 5: 17, que diz: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Eles são como muitas árvores na primavera, que começam dando algumas flores, mas nunca produzem frutos. O teste e a prova da graça é a sua continuidade ou, como já vimos, a sua perseverança, pois tudo suporta. A graça que não é constante e nem persevera, não é graça verdadeira.

III. A VERDADE DO NOSSO TEXTO É MOTIVO DE GRANDE ALEGRIA E CONFORTO PARA AQUELES QUE POSSUEM A BOA EVIDÊNCIA DA GRAÇA EM SEUS CORAÇÕES.

A graça é uma jóia preciosa, e para aqueles que a possuem, é uma jóia que nunca poderá ser tirada deles. Aquele que nos deu é o mesmo que a mantém, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas (Filipenses 3: 21). Seus braços eternos nos sustentam. Ele é o nosso refúgio e força. Portanto, não importa o quão sutil e violento seja os ataques contra nós, podemos rir e zombar de nossos inimigos, pois estamos sobre a rocha da nossa salvação. Aqui reside o motivo do nosso regozijo.

IV. A VERDADE DO NOSSO TEXTO ENCORAJA OS SANTOS NAS SUAS LUTAS ESPIRITUAIS.

Se um soldado vai para a batalha pensando na derrota, seus inimigos já estão em grande vantagem, e praticamente já venceram. Mas o capitão da nossa salvação já nos garantiu a vitória. Sua promessa é segura e não pode falhar. Avante na luta, filhos de Deus! Descanse nas Suas promessas, seja fiel em tudo, e cedo você estará entoando o cântico de vitória. Em breve Ele colocará em sua cabeça, com aquelas mãos perfuradas, a coroa da vitória.

Published inO amor bíblico e seus frutosVida cristã