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A caridade é oposta ao espírito crítico

O amor bíblico e seus frutos – Exposição de 1 Coríntios 13 – Capítulo 10

“O amor…não suspeita mal.”

Outro fruto comum do orgulho e do egoísmo é o espírito crítico. Portanto, a caridade é contrária ao espírito crítico, rancoroso, e de censura não fundamentada.

I. O QUE É UM ESPÍRITO CRÍTICO.

Um espírito crítico pode ser visto quando temos a tendência de julgar mal as pessoas.

É fato que algumas pessoas são propensas a julgar favoravelmente ao verem um pouco de bondade em outras pessoas. Mas alguns também são rápidos em julgar desfavoravelmente quando vêem algo de ruim em outras pessoas. A certeza de tudo isso pertence somente a Deus, que sonda os corações dos homens (Provérbios 21: 2).

Somos culpados deste pecado quando condenamos a outros por coisas em que não há evidência alguma de malícia ou maldade. Os amigos de Jó não entendiam a providência de Deus e fizeram um julgamento errado da sua pessoa. Somos culpados deste mesmo pecado quando nos mostramos intolerantes com as falhas comuns que os filhos de Deus cometem (algumas das quais, muitas vezes, são menores do que as falhas que cometemos).

Somos culpados deste mesmo pecado quando tratamos algumas pessoas como sendo ímpias, e isso apenas pelo fato de discordarem de nós em pontos que não são relevantes, ou por possuírem um temperamento ou vantagens externas diferentes das nossas. Nunca deveríamos colocar a nossa experiência ou nossos próprios padrões como regra para outros. O Espírito de Deus tem a liberdade de trabalhar de várias maneiras.

Um espírito crítico pode ser visto quando temos a inclinação de julgar mal as qualidades de outras pessoas. Nós manifestamos este tipo de espírito quando desprezamos as qualidades de outras pessoas e ressaltamos suas falhas. Muitas vezes nós consideramos as pessoas como sendo ignorantes e tolas, quando na verdade elas não merecem ser tratadas desta maneira.

Alguns se apressam em acusar outras pessoas de imoralidade, embora não sejam de todo culpadas, ou até sejam, mas num grau menor. Outros são tão preconceituosos com seus vizinhos, que passam a considerá-los como pessoas totalmente orgulhosas, egoístas, maliciosas, e maldosas, quando de fato, elas possuem muitas qualidades notórias. Infelizmente, uma alma sem amor está sempre propensa a ver maldade em tudo.

Um espírito crítico pode ser visto quando temos a inclinação de julgar mal as ações de outras pessoas, assim como as suas obras e palavras. Primeiro, este tipo de espírito está sempre pronto a condenar sem que haja qualquer evidência ou fato que apóie seu julgamento. Uma pessoa com tendência à crítica faz seus julgamentos com base em suposições, e não por aquilo que sabe ou presenciou. Ela torna-se culpada de ruins suspeitas (I Timóteo 6: 4). Ela é rápida em ouvir e divulgar más notícias a respeito de outras pessoas, ao invés de questioná-las ou se preocupar em saber a verdade. Fazendo isso, tal pessoa se assemelha ao diabo, que é o pai da mentira! O ímpio atenta para o lábio iníquo, o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna (Provérbios 17: 4). O fofoqueiro tem prazer em ouvir e espalhar más notícias a respeito da vida de qualquer pessoa. Ele é como o abutre em busca de carniça. Mas um espírito amoroso é aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo (Salmo 15: 3).

Segundo, uma disposição à crítica sempre estará pronta a fazer a pior interpretação possível das ações de outras pessoas. Este tipo de espírito crítico é muito comum entre os seres humanos. Eles sempre assumem que qualquer tipo de boa ação praticada por outras pessoas não passa de hipocrisia. Tal pessoa suspeita mal de qualquer um que se interesse pelo bem público, pelo bem do próximo, ou mesmo pela honra de Deus. Na realidade, ele mesmo não passa de um hipócrita, sempre abrigando estes maus intentos em seu coração.

Talvez você pergunte: Será então que não há lugar e tempo apropriado para a crítica? Algumas críticas não são legítimas? Vamos responder em duas partes.

Primeira, Deus designou juízes públicos na sociedade, tanto no governo civil quanto na igreja, os quais devem julgar de maneira imparcial e de acordo com as evidências, baseados no cumprimento ou descumprimento da lei.

Segunda, ninguém é obrigado a despir-se da razão a fim de fazer um julgamento correto a respeito dos outros. O amor Cristão não está fundamentado nas ruínas da razão! Ao invés disso, o amor e a razão desfrutam de uma doce harmonia. Não é pecado julgar aqueles que nos dão evidências claras e plenas de que estão agindo mal. Não é pecado julgar como ímpio todo aquele que abertamente age como tal. Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; e em alguns manifestam-se depois (I Timóteo 5: 24).

O pecado de julgar prematuramente se fundamenta em uma ou duas coisas.

Primeira, ao julgar mal uma pesssoa quando não há evidências claras para isso, ou quando tudo nos leva a pensar o melhor sobre ela. Como dissemos anteriormente, nunca devemos ignorar aquilo que é favorável a uma pessoa, nem exagerar nos fatos que lhe são contrários. A caridade nos obriga a suspender qualquer julgamento até que saibamos mais sobre o assunto. O que responde antes de ouvir comete estultícia que é para vergonha sua (Provérbios 18: 13).

Segunda, o pecado de julgar prematuramente se fundamenta no prazer de julgar mal as pessoas. Um pai quando tem provas claras contra seu filho deve condená-lo, mas ele o faz com grande pesar. Mas quando uma pessoa tem prazer em pensar o pior sobre os outros, e em julgá-los, é porque demonstra não conhecer o verdadeiro espírito da caridade. Se o amor Cristão for o nosso guia, então seremos cautelosos em nossos julgamentos, nos cercando das garantias necessárias, e sendo bem criteriosos na busca das palavras e ações das pessoas em questão. Quando somos obrigados, contra a nossa própria inclinação, a pensar mal de uma pessoa, então nunca devemos levar o assunto adiante, e só o faremos se o nosso senso de dever assim o requerer.

II. COMO O ESPÍRITO CRÍTICO É CONTRÁRIO AO ESPÍRITO CRISTÃO.

Ele é contrário à ordem de amar ao nosso próximo. Nós somos naturalmente relutantes em julgar o mal em nós, pelo fato de amarmos a nós mesmos. Sendo assim, se amarmos ao nosso próximo como a nós mesmos, então também ficaremos relutantes em julgá-los mal. Além disso, somos relutantes em julgar mal a qualquer pessoa a quem amamos, como nossos familiares e amigos. Este espírito de amor deveria se estender a todos os homens. Entretanto, aonde a ira e a má vontade prevalecem, ali também se fará presente um espírito crítico. Quando duas pessoas ou partidos divergem bruscamente entre si, eles estarão sempre prontos a julgar um ao outro da pior maneira. Uma das primeiras coisas que o espírito crítico diz é: “Meu inimigo não é um Cristão.”

Um espírito crítico manifesta um espírito orgulhoso. Uma pessoa crítica imagina-se a si mesma como sendo livre de erros, falhas, e pecados, que normalmente condena em outros. Se fossemos mais conscientes e humildes quanto as nossas falhas, não julgaríamos prematuramente outras pessoas. O mesmo tipo de corrupção habita tanto num coração quanto no outro. Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo (Romanos 2: 1). Se examinássemos os nossos corações tão cuidadosamente quanto examinamos o de outras pessoas, certamente encontraríamos motivos para censurarmos muitas coisas em nós mesmos, assim como fazemos com outros. Aquele que tão somente julga, acaba se colocando acima das demais pessoas, como se ele estivesse acima da lei. Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz (Tiago 4: 11). Que arrogância e orgulho!

O que aprendemos a respeito disso.

I. ESTE PRINCÍPIO REPROVA AQUELES QUE COMUMENTE FALAM FAL DOS OUTROS.

Se o fato pensarmos mal a respeito de alguém já é motivo para sermos condenados, quanto mais o falar mal. Grandes e inimagináveis estragos são feitos pela falta de amor e pela maledicência, os quais as Escrituras condenam e proíbem abertamente. Tito foi instruído por Paulo a orientar os Cristãos que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens (Tito 3: 2). Por acaso você não tem sido culpado de cometer este mesmo pecado por várias vezes, especialmente contra aqueles com quem você teve alguma dificuldade, ou que discordassem de você? Você não se vê na prática deste mal em seu dia a dia? Este tipo de espírito é contrário ao verdadeiro Cristianismo e deve ser abandonado imediatamente.

II. ESTE PRINCÍPIO NOS ALERTA CONTRA TODA A CRÍTICA FEITA DE MANEIRA ERRADA, QUER EM PENSAMENTO OU PALAVRAS.

Considere quantas vezes, quando a verdade vem à tona, as coisas acabam sendo mais favoráveis em relação aos outros do que havíamos imaginado a princípio. Por exemplo: o sacerdote Eli imaginou que Ana estivesse bêbada, mas na verdade era uma mulher completamente sóbria que agonizava em oração. Elias imaginou que era o único homem fiel a Jeová, mas Deus havia reservado para si setenta almas fiéis. Há sempre dois lados em toda história, e sempre será sábio, seguro, e amoroso, ouvir os dois lados, sempre pensando o melhor das pessoas envolvidas, e nunca o pior. Aguarde até que toda verdade seja revelada.

Considere como há poucas ocasiões em que a responsabilidade de um veredicto se encontra em nossas mãos. A maior responsabilidade que temos diz respeito a nós mesmos, e não a outros. Mesmo que outras pessoas sejam merecedoras da nossa censura, no fundo isso diz respeito à jurisdição de Deus, e não a nossa. Não deveríamos nos intrometer naqueles assuntos que por direito pertencem só a Deus. E certamente Deus tem apontado um dia para sua decisão. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor (I Coríntios 4: 5).

Considere o fato de Deus nos advertir quanto ao julgamento errado que venhamos a fazer de outras pessoas, pois seremos julgados por isso. NÃO julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós (Mateus 7: 1-2). E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? (Romanos 2: 3). A nossa grande preocupação deveria ser quanto à nossa própria absolvição diante do grande Juiz, naquele último dia. Portanto, se não desejamos receber uma justa condenação da parte de Deus, então não devemos julgar injustamente a outras pessoas.

Published inO amor bíblico e seus frutosVida cristã