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Deus não deve bens materiais aos cristões fiéis

Texto: Salmos 23:1-6

Há uma filosofia popular hoje em dia correndo no meio cristão que diz que tanto quanto o cristão é fiel mais próspero ele será. Essa filosofia dá o entender que Deus quer abençoar os seus fiéis com um acúmulo exagerado de bens materiais. Essa filosofia insinua se um irmão não tem muitos bens é porque ele não é muito fiel, a sua fé é fraca ou por que Deus está castigando ele publicamente por um pecado secreto no passado. Convém uma comparação dessa filosofia com a própria bíblia e ver o que é que Deus deve ao cristão fiel.

Nosso Engano

É claro para o aluno sério da Bíblia que facilmente o homem pecador pode ser enganado. Procedem do seu próprio coração, que é a fonte da sua vida (Prov. 4:23), “os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição e, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mat. 15:19). Por causa do pecado, considerando o coração, o homem não tem muito a se gloriar. O seu coração é enganoso “mais do que todas as coisas, e perverso” ao ponto de nunca conhecer a profundidade do seu próprio engano (Jer. 17:9).

Não é só o coração do homem pecador que pode ser enganado, mas também o do cristão. Quando o cristão é regenerado ele recebe uma nova natureza que não pode pecar (I João 5:18). Através dessa nova natureza o cristão tem prazer na lei de Deus. Porém, a sua velha natureza continua ativa nele conjuntamente.   Essa velha natureza, a carne, cobiça contra a nova natureza, o Espírito, impedindo a obediência completa (Romanos 7:11-25; Gal. 5:17). Existem na bíblia inúmeros casos de cristãos, e até de igreja inteiras errando e assim nos dando provas convincentes que o homem cristão pode ser bem enganado (Adão e Eva, Gên. 3:6; Davi, II Sam 11; Jonas; Ananias e Safira, Atos 5; as igrejas da Ásia, Apoc 2,3).

No assunto dos bens materiais, o engano do coração do homem é bem evidente. O que o homem pode ver, sentir, tocar e possuir influencia ele em muito. A concupiscência da carne, junto com o enganoso coração do homem, influencia os pensamentos do homem acerca de seu Deus e exercita uma ação não boa sobre o homem quando ele quer entender passagens bíblicas. Tal predomínio é evidenciado quando o homem começa de pensar que Deus o deve muitos bens materiais.

O engano do coração dos homem é entendido até pela lógica. Se é verdadeiro que a quantia de bens materiais exemplifica o favor com Deus, então os da classes mais altas da sociedade devem ser os mais espirituais. Porém, a verdade é que o oposto é geralmente verdadeiro (Luc. 21:1-4; I Cor. 1:26-29). A verdade declarada da bíblia é: “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mat. 19:24). O espiritualidade maior não traz maior riqueza, nem a riqueza traz maior espiritualidade. O espiritualidade traz uma morte maior à carne e tudo o que é do mundo (Gal. 2:20; I João 2:16). A riqueza traz tentação, e um laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína (I Tim 6:9). O reino de Deus não é deste mundo (João 18:36). A espiritualidade verdadeira é a imagem de Cristo no cristão (Romanos 8:29; 14:17).

E além da lógica, temos o mandamento de Cristo de não ajuntar tesouros da terra mas no céu (Mat. 6:19-21). Deve ser claro a todos os cristãos que ninguém deve esperar que Deus nos dê grandes tesouros na terra quando o ajuntamento de tais tesouros já é proibido por Ele.

O anseio de adquirir muitos ou melhores bens do que já temos, é relacionado diretamente com o nosso grau de contentamento. Pode ser que a falta de contentamento é o que impulsiona a crença popular hoje em dia que Deus deve ao cristão fiel muitos bens materiais. A predisposição do homem ser descontente é entendido pelo provérbio: “Como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem” (Prov. 27:20). O contentamento com o que tem não é um comportamento natural do homem mas é um comportamento dos maduros na fé (Fil. 4:11, “… Já aprendi a contentar mim com o que tenho.”). A espiritualidade, que nos ensina a termos costumes sem a avareza, é completamente contente com as promessas de Deus de nunca nos deixar e nunca nos desamparar (Hebreus 13:5). Este grau de espiritualidade, junto com o contentamento, é verdadeiramente um “grande ganho” do cristão (I Tim 6:6-8). Os bens materiais, sejam poucos ou muitos, para o cristão verdadeiro, são imateriais para sua felicidade na terra.

Nossa Instrução

O Salmo 23 pode ser o usado por alguns a nos ensinar que Deus nos deve bens materiais pois é declarada abertamente: “Nada me faltará” (v. 1). Muitos podem querer dizer que os “verdes pastos”, as “águas tranqüilas”, a mesa farta na presença dos inimigos e o cálice transbordando deste Salmo apontam à verdade que Deus sempre se interessa em encher o Seus com bens materiais. Mas, comparando versículo com versículo entendemos que as bênçãos de ser uma ovelha deste pastor traz possessões muito além daqueles bens materiais que a traça e a ferrugem consomem e aqueles que os ladrões podem mirar e roubar.

A bíblia nos diz que Cristo é o “Bom Pastor” (João 10:11,14). A bíblia também nos ensina o que é que o “Bom Pastor” dá às suas ovelhas. A bíblia não nos ensina que o “Bom Pastor” necessariamente veste as suas ovelhas com a última moda nem fornece transporte moderno nem prometa saúde plena. O que o bom pastor dá às Suas ovelhas é a Sua vida (João 10:11, 15, “… Dou a minha vida pelas ovelhas.”). Ele veio justamente para dar a Sua vida, para que pela Sua vida, os seus “tenham vida, e a tenham com abundância” (João 10:10; I Tim 1:16, “Cristo Jesus de veio ao mundo, para salvar os pecadores”; Luc. 19:10, “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”). Para ninguém duvidar da natureza desta vida abundante que Cristo dá, Ele ensinou enfaticamente que Ele dá às suas ovelhas “a vida eterna” (João 10:28). O fato desta vida por Cristo ser eterna, segura, celestial, sem nenhuma condenação é o que Ele refere quando declara que essa vida é “abundante”. Mesclar a razão da vinda de Cristo ao mundo com o nosso acúmulo de mais e melhores bens materiais é fazer desrespeito ao decreto eterno de Deus para o seu Filho vir ao mundo e é distorcer o propósito das profecias que nos ensinem acerca desta vinda de Cristo. Interpretar as palavras de Jesus a dizer que Deus quer que nos ajunte tesouros na terra é invalidar o seu propósito principal (Mat. 15:6).

As ovelhas do “Bom Pastor” não se preocupam do dia de amanhã, não ajuntam tesouros na terra, nem gritem desenfreadamente pedindo riquezas. Elas se satisfazem em ouvir a Sua voz (Sal 1:2,3, “tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na Sua lei medita de dia e de noite.”). A ovelha que é cuidada pelo “Bom Pastor” é satisfeita com Ele (Sal. 119:57, “O SENHOR é a minha porção;”). A ovelha deste “Bom Pastor” não está procurando prazeres do mundo que satisfazem à carne, mas seguem Ele (João 10:27, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;”). Enquanto as ovelhas seguem o “Bom Pastor” elas acham pastagens que alimentam as suas almas (João 10:9; Sal. 16:5, “O SENHOR é a porção da minha herança e do meu cálice; Tu sustentas a minha sorte.”; Col. 3:10, “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;”; II Cor. 4:8-18, “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”; Efés. 4:23,24, “E vos renoveis no espírito da vossa mente;”). Entendendo bem essas verdades podemos afirmar: quando estamos tristes por falta de alguma coisa na terra, somos realmente descontentes com o próprio “Bom Pastor” e com o Seu propósito eterno para conosco.

Tanto o propósito de Cristo vir, quanto o desejo de Deus para com os Seus é de e espiritual e não físico. Deus quer que os Seus se transformam na imagem do Seu Filho (Romanos 8:29). Para obter este objetivo Deus pode, sem danificar qualquer propósito da bíblia, e sem ter propósitos de castigo ou ira, sujeitar os Seus a humilhação, a fome, a várias tentações e tribulações (Deut 8:3; Tiago 1:3,4; Romanos 5:4,5).

Se já conhece o “Bom Pastor” e sabendo que Ele conhece bem as Suas ovelhas, regozije no fato que não falta nada para o que é melhor para elas. O que era melhor para elas é de ser aceitável diante de Deus e para crescer na Sua imagem (Fil. 2:13; I Pedro 3:18; Judas 24,25).

Muitos querem usar Isaías 53:5, “… e pela suas pisaduras fomos sarados” para ensinar que pela morte de Cristo somos sarados de qualquer enfermidade física enquanto trilharmos o nosso caminhar terrestre. Usem também Tiago 5:16, “orar uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Não descontando o fato que Deus pode ainda curar e ainda é um Deus de milagres, devemos lembrar uns fatos importantes quando falamos do propósito da salvação por Cristo.

Para entender o propósito da salvação por Cristo é edificante entender quais são as feridas do homem pecador. Espiritualmente o homem pecador é um escravo preso nos laços da vontade do diabo (II Tim 2:26). Ele é retratado como um recém nascido não lavado, ainda na sua corrupção de parto, abandonado num campo (Ezequiel 16:4,5). Deus não toma prazer na sabedoria do sábio, da força do forte e nem as riquezas do rico mas naquele que conhece Ele que Ele é o SENHOR, que faz beneficência, o juízo e justiça na terra (Jer. 9:23,24). Porém para as coisas que agradam o Senhor, o homem está morto. As feridas espirituais do homem pecador são mortais (Gên. 2:17; Efés. 2:1). Ele não é justo, não entenda, não busca a Deus, e não é útil e não faça o bem. A sua enfermidade espiritual atinge a sua garganta que é um sepulcro aberto que faz que a sua língua trata enganosamente e faz que a peçonha de áspides está achada debaixo de seus lábios (Romanos 3:10-14). Por causa do seu coração ser enganoso prossegue dele os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Jer. 17:9; Mat. 15:19). A sua enfermidade atinge tudo que o homem faz pois “os seus pés são ligeiros para derramar sangue e nos seus caminhos há somente destruição de miséria”. Por causa da enfermidade do homem pecador ser tão grande ele nunca conhecerá sozinho o caminho da paz (Romanos 3:15-17). De fato, “desde planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” (Isaías 1:6). Por isto a deficiência do homem é amizade espiritual pois a inclinação da sua carne é inimizade contra Deus (Romanos 8:7). O homem sem Cristo tem deficiência de entendimento espiritual (I Cor. 2:14), de poder espiritual (Romanos 8:8) e de vida espiritual (Efés. 2:1; Gên. 2:17). A situação do pecador é que ele está separado de Deus, com uma ira de Deus permanecendo sobre ele (João 3:36) e por isso, está sem esperança (Efés. 2:12). Entendendo quais são as feridas do homem pecador podemos melhor entender a sua cura. Este é um fato importante lembrar quando fala do propósito da salvação por Cristo.

O homem pecador não está com uma terrível necessidade de uma saúde plena no seu corpo, de um Mercedes Benz na garagem, de uma gorda conta bancária ou de uma fazenda farta de animais reprodutores. A sua cura não se realiza por ajuntar tesouros na terra, pois o que adiantaria ele ganhar o mundo e perder a sua alma (Mat. 16:26)? O que as feridas do homem pecador precisam é a salvação por Cristo! Só por Cristo os pés são postos sobre uma rocha e os passos são firmados.   Só por Cristo a boca tem um novo cântico espiritual cantando ao Senhor com graça do coração (Col. 3:16; Sal. 40:1-3). Pela obra de Cristo o homem ferido espiritualmente chega a Deus (João 14:6), é feito aceitável no Amado (Efés. 1:6) e se torna uma nova criatura (II Cor. 5:17) feito herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo (Romanos 8:17). Entendendo quais são as feridas do homem pecador podemos melhor entender o propósito da salvação em Cristo.   Este é um outro fato importante lembrar quando fala do propósito de Cristo levar as pisaduras do Seu povo.

Também convém entender que se as feridas do homem fossem apenas físicas, a obra de Cristo seria falha pois seria limitada em eficiência na nossa dieta de comidas contaminadas, exercício que não tem muito proveito (I Tim 4:8) e de nossos cuidados pessoais que são inconsistentes e finitos. Mas as feridas do homem são espirituais e pela obra de Cristo somos verdadeiramente sarados eternamente (Isaías 53:5; João 3:16; 10:27-29). Por Cristo somos bem vestidos: temos por capacete a salvação, por couraça a justiça, os pés são calçados com o evangelho da paz e os lombos vestidos com a verdade. O nosso escudo é a fé, a nossa espada a Palavra de Deus, e no coração temos oração constante a Deus (Efés. 6:14-18). Somente a pessoa que não conhece Cristo verdadeiramente trocaria tais bênçãos espirituais por deleites temporários.

Por causa das feridas do homem serem espirituais, e por causa dos resultados da morte de Cristo serem as bênçãos espirituais nos lugares celestiais, concluímos que Isaías 53 trata do lado e do homem e não o seu lado temporário e físico. Se você já está em Cristo e sofre de limitações físicas não pensa nem um pouco que o seu Salvador ou a sua fé é falha. Regozijo essa se pela saúde plena que tem no Espírito em Cristo enquanto procura a graça de Deus a viver na terra para sua glória apesar das limitações físicas (II Cor. 12:9). Se você ainda não está em Cristo, apesar de possuir saúde plena e/ou bens materiais, a sua alma ainda está em perigo eterno. Venha a Cristo já.

Nossas Necessidades

Verdadeiramente Cristo veio buscar e salvar o que havia perdido (Luc. 19:10) e não encher nossa guarda comida com comida fina nem a nossa guarda-roupa com os modelos chiques. Mas, o homem, inclusive o cristão, tem uma necessidade de bens materiais aqui na terra. Nem só de pão viverá o homem, mas ele precisa de pão para viver (Mat. 6:11, “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”). Pela bíblia podemos ver que é esse pão necessário que Deus prometeu a suprir. Deus prometeu a suprir as nossas necessidades e não nos prometeu que suprirá todas as nossas capacidades de adquirir bens ou satisfaria por completo a nossa cobiça.

Pelo relatório bíblico encontramos vários cristãos ricos e bem de vida (Abraão – Gên. 13:2; Jó – Jó 1:3; Salomão – I Reis 3:11-13; José de Arimatéia – Mat. 27:57; Lídia – Atos 16:14, 15). Também encontramos muitos Cristãos pobres (Lázaro – Luc. 16:20-22; Romanos 15:26, “os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”; Tiago 2:5, “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?”). Pelo fato da bíblia incluir relatórios dos santos ricos e pobres podemos concluir que a santidade não é relacionado com o nível do poder aquisitivo do cristão. Não é virtude ser pobre nem rico mas entender e conhecer o SENHOR (Jer. 9:23,24).

Pelos milagres do Senhor Deus podemos entender que são as necessidades dos seus fiéis e não as suas riquezas que Ele deseja cuidar. Quando os filhos de Israel peregrinavam pelo deserto, a presença do Senhor estava marcante. De nuvem por dia de coluna e de fogo de noite Ele acompanhava o Seu povo com Seu poder. Por 40 anos o povo de Deus estava no deserto. Deus se manifestou como o Todo-Poderoso a eles. A maneira que ele se manifestou grande foi pelo maná para comer, pela água da rocha para beber e pelas promessas gloriosas (Neemias 9:15). Ele não deu filé mignon nem vinho mas deu maná e água. Pela Sua grandeza Ele fez que a sua roupa também não envelhecesse e que as suas sandálias não precisavam ser trocadas (Deut 8:4). Se fosse a intenção do Senhor Deus que o nível do Seu cuidado fosse visto pelo aumento dos bens materiais do Seu Povo, Ele desamparou o Seu povo no deserto porque de bens Ele não encher o Seu povo. Mas se é a verdade que Deus intenta cuidar das necessidades do Seu povo, o Seu povo no deserto foram bem cuidados. Quando a viúva de Sarepta estava em apertos, Deus cuidou da suas necessidades do momento e por muitos dias através de um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija (I Reis 17:12-16). As suas necessidades e não as suas riquezas foram cuidadas por Deus. A viúva de um profeta foi amparada por Eliseu através de uma botija de azeite. Pelo milagre de Deus ela pagou a sua dívida e ela e os seus filhos viveram do resto (II Reis 4:1-7). Em todas as maneiras as suas necessidades foram cuidadas mas não todas as suas possibilidades de adquirir riquezas. Elias, o homem de Deus, passou por perseguição e o Senhor cuidou da suas necessidades. Ele bebeu da água junto do ribeiro Querite e comeu o pão e a carne que os corvos lhe traziam de manhã e de noite (I Reis 17:2-7). As suas necessidades foram cuidadas e não um apetite desordenado. Quando as multidões, que seguiam Cristo, estavam com fome em várias ocasiões, Cristo cuidou delas nas suas necessidades. Ele multiplicou 5 pães e 2 peixes para satisfazer o fome momentâneo da multidão, e, pelo mesmo milagre, cuidou dos 12 apóstolos nas suas necessidades pelos 12 alcofas cheias que sobejaram (Mat. 14:19-21). Se fosse a intenção do Senhor a estimular os seus servos a adquirir muitos bens materiais, as Suas obras extraordinárias pelos milagres seriam desprezíveis, pois Ele só deu migalhas ao Seu povo em vez de dar as riquezas que Ele tem, se é que assim Ele intenta somente as melhores bens para o Seu povo. O tratamento de Deus para com seu povo pela palavra de Deus é consistente com a sua instrução aos Seus fiéis: “Mas é grande ganho a piedade com o contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos contentes.” (I Tim 6:6-8); “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13:5).

A promessa do Senhor ao fiel Cristão é: segundo as Suas riquezas, suprir todas as suas necessidades (Fil. 4:19). A capacidade de Deus é imensa sem a menor dúvida. Para o fiel cristão Deus opera para que ele abunda em toda a graça e que tem sempre “toda a suficiência” e não satisfazer todas as possibilidades de adquirir bens da terra (II Cor. 9:8). O cristão, como qualquer outro ser humano, tem necessidades de comer, de beber e de vestir-se. Deus também sabe que o cristão tem estas necessidades. Ele promete que aquele que busca primeiramente o Seu reino e a Sua justiça, todas essas necessidades serão acrescentadas (Mat. 6:25-33). Se o cristão fiel está procurando por algo além de ter as suas necessidades suprimidas ele está procurando por mais que o Senhor prometeu.

Uma maneira de ter o que necessitamos é pela liberalidade para com a obra de Deus (II Cor. 9:7,8; Mal 3:10-12). Usando o que temos para a glória do Senhor traz as bênçãos do Senhor sobre o que já temos. Também uma maneira de ter o que necessitamos é pelo trabalho honesto (II Tess 3:10, “se alguém não quiser trabalhar, não coma também”; Prov. 13:11, “ mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará”; Ecl. 2:24; 3:13; Atos 18:3, Paulo “trabalhava”; I Tess 4:11,12, “trabalhar com vossas próprias mãos”; Efés. 4:28, “fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.”). Podemos observar que as próprias aves do céu que o Pai celestial alimenta têm que voar em busca do que Deus intenta providenciar para elas (Mat. 6:26). Quando honramos ao Senhor com os nossos bens com uma primeira parte de todos os nossos ganhos Ele não será mesquinho com as bênçãos dEle (Prov. 3:9,10). Porém, o que buscamos do Senhor e o que esperamos dEle nunca deve ser um acúmulo exagerado de bens materiais. Ele é a porção do cristão fiel e essa Porção satisfaz completamente o servo fiel (Lam. 3:24). Conhecendo o Senhor intimamente basta para qualquer cristão mesmo quando a liberalidade e o trabalho com as mãos não faz que haja sobras (II Cor. 12:9, “a minha graça que basta”).

O nosso alvo principal deve ser a obtenção da imagem de Cristo e não os bens temporais. O propósito de toda a obra da salvação é para que sejamos “conforme à imagem de Seu filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”, (Romanos 8:29). O cristão fiel tem o alvo principal de ter os seus passos dirigidos nos caminhos do Senhor e não de ter as suas raízes bem estabelecidas no mundo (Sal. 17:5; Prov. 30:7-9). Por causa do alvo principal da salvação ser de fazer nos conforme à imagem de Cristo podemos entender o erro da filosofia que diz: tanto mais fiel à Deus, mais riquezas teremos.

Cristo ensinou-nos a buscar primeiro o reino de Deus e a Sua justiça (Mat. 6:33). O reino de Deus “não é deste mundo” (João 18:36). O reino de Deus “não vêem com a aparência exterior” (Luc. 17:20) nem “é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17; Col. 1:13). O reino de Deus é de ter Cristo como o seu Salvador e Senhor. Este reino de Deus é o observado numa pessoa quando ele se arrependa dos pecados e tem fé em Cristo como o seu Salvador. Este reino de Deus é evidenciado ainda mais pela obediência da palavra de Deus (João 17:17; Mat. 7:24,25). Este é reino de Deus luta contra a carne (Romanos 7:18, 23; Gal. 5:17), mortifica a carne (Gal. 2:20) e busca para as coisas que são de cima e não nas coisas que são da terra (Col. 3:1-3).

Na carta à igreja em Laodicéia, uma igreja com a suas raízes bem estabelecidas no mundo enquanto achava que era espiritual, Cristo aconselhou: “que de Mim compres ouro provado no fogo para que enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Apoc 3:18). Tudo o que o cristão fiel precisa para cumprir a sua razão de existir na terra é de ter a imagem de Cristo nele. E isso é o que Cristo quis dizer quando aconselhou: “compres de Mim”. Ajuntar bens na terra é cansativo e trabalhoso (Ecl. 2:26), mas viver Cristo cumpra o desejo de Deus para os Seus e é o caminho para as bênçãos espirituais.

Destaco novamente: Os bens materiais, sejam poucos ou muitos, para o cristão verdadeiro, são imateriais para sua felicidade na terra.

Você tem o principal que é a imagem de Cristo na sua vida? A sua preocupação maior é o que é eterno e espiritual? Semear para a carne, dará em corrupção (Gal. 6:8). “Que aproveita ao homem a ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mat. 16:26). E, se tenha Cristo, o que falta? (Sal. 23:1). Que possa conhecer as bênçãos de Deus por Cristo tanto aqui quanto no além é o nosso desejo.

Pr. Calvin Gardner / 2012
Catanduva, SP

Published inTeologia & Doutrina