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O Dízimo

Parte 1

Há poucos assuntos sobre os quais o próprio povo de Deus é mais enganado que sobre o assunto do dízimo. O povo de Deus diz tomar a Bíblia como a sua única regra de fé e prática, mas justamente no que se diz respeito as finanças cristãs, a maioria ignoram totalmente os ensinamentos simples das Escrituras e tentam substituir tais ensinamentos simples por toda e qualquer coisa que a mente carnal pode vir a conceber. Assim, não é de admirar que a maioria dos trabalhadores cristãos, hoje em dia, estão sofrendo com a falta de fundos. As nossas contribuições devem ser regulamentadas pelo sentimento e impulso ou por princípio e consciência? Isso é apenas outra maneira de perguntar: “Será que Deus nos deixa ser guiados pelo espírito de gratidão e generosidade, ou definitivamente, Ele tem declarado o Seu desejo e particularizado qual parte de Suas dádivas, nós devemos a Ele? ”Certamente Deus não nos deixou este assunto importante sem ter-nos tambêm dado a conhecer a Sua vontade! A Bíblia foi dada para ser uma lâmpada para os nossos pés e, portanto, Ela não pode nos deixar no escuro a respeito de qualquer obrigação ou privilégio pertencente ao nosso relacionamento com Ele ou dEle conosco.

O Dízimo no Antigo Testamento

Já muito cedo na história da humanidade, Deus fez saber que uma proporção definida da renda dos santos deveria ser dedicada Àquele que é O Doador de tudo, isto é, a Ele mesmo. Houve um período de vinte e cinco séculos desde Adão até a hora em que Ele deu a lei a Israel no Sinai, mas é um grande erro supor que os santos de Deus, nesses primeiros séculos, ficaram sem uma revelação definitiva, sem conhecimento da vontade de Deus a respeito de suas obrigações para com Ele, e sem conhecer as grandes bênçãos que resultariam da obediência aos mandamentos divinos. Ao estudarmos, cuidadosamente, o livro de Gênesis, encontramos vestígios claros de uma revelação primitiva, uma indicação da mente de Deus para o Seu povo muito antes do sistema de legislação que foi dado no Sinai (ver Gênesis18:19). Esta revelação primitiva parece ter sido focada em três coisas: 1. A oferta de sacrifícios a Deus; 2. a observância do sábado; 3. a doação de dízimos.

Embora, seja verdade que hoje somos incapazes de tomar a Bíblia e achar positivo qualquer decreto ou mandamento de Deus para Seu povo acerca do oferecer sacrifícios a Ele, ou guardar o sábado, ou dar o dízimo naqueles primeiros dias (não há um, “Assim diz o Senhor” indicado em relação a qualquer,uma destas três coisas), no entanto, a partir do que é registrado, somos obrigados a supor que Deus deve ter dado tal mandamento. Compare! Gênesis 26:5.

O Oferecer de Sacrifícios a Deus 

Considere, em primeiro lugar, a apresentação dos sacrifícios a Deus. É concebível que o homem jamais teria apresentado sangue para a Divindade se ele nunca tivesse recebido primeiro um mandamento para assim fazer? Você imagina que pode ter sido iniciativa da própria mente humana ter trazido um animal sangrento até o grande Criador? E ainda encontramos nos primeiros tempos que Abel, Noé e Abraão apresentaram ofertas sangrentas para Jeová, claramente demonstrando que Deus já os tinha feito saber que essa era a Sua vontade para suas criaturas. Que o Altíssimo exigiu tais ofertas, vide Hebreus11:4 e compare com Romanos 10:17.

O Sábado

Considere também o sábado. Há poucas indicações nas primeiras páginas da Escritura Sagrada para nos mostrar diretamente que o próprio Deus designou um dia em sete, e que Ele ordenou que todas as Suas criaturas deveriam então observá-lo. Mesmo assim, há indicações claras de que esse deve ter sido o caso, de outra forma, não podemos explicar o que se segue. Quando Deus deu os Dez Mandamentos a Israel no Sinai, no quarto mandamento, Ele não disse que Israel deveria, simplesmente, guardar o sábado, mas ordenou-lhes que deveriam lembrar do dia de sábado, o que implica claramente duas coisas: que em uma data anterior, Deus já tinha revelado o seu desejo acerca do sábado, e que os antepassados dos filhos de Israel tinham se esquecido do sábado: vide Ezequiel 20:5-8, e compare Êxodo16:27,28.

O Dízimo

O mesmo se vê em relação ao dízimo. Hoje em dia, somos incapazes de voltar para as páginas mais antigas das Escrituras e mostrar um: “Assim diz o Senhor”, um mandamento definitivo, onde Jeová tenha declarado Sua vontade e exigido que Seu povo oferecesse a Ele um décimo de todo o seu ganho. Mesmo assim, ainda no livro de Gênesis, não podemos explicar que esse mandamento está lá, a não ser que pressuponhamos uma revelação anterior da mente de Deus, e uma manifestação da Sua vontade acerca disso.

Em Gênesis 14:20, está escrito: “E deu-lhe o dízimo de tudo.” Abraão deu o dízimo à Melquisedeque. Nós não somos informados por que ele fez isso. Nos capítulos anteriores, não nos é dito que Deus lhe havia ordenado fazer isso, mas o fato de ele ter feito isso denota claramente que ele estava agindo de acordo com a vontade de Deus e que estava realizando aquilo que a mente de Deus lhe tinha revelado.

O Dízimo em Gênesis 28:19-22

Vamos começar pelo versículo 19 para obter o contexto: “E chamou o nome daquele lugar Betel.” Você se lembra das circunstâncias? Esta foi a noite em que Jacó estava fugindo de Esaú. Tendo abandonado o seu lar, ele estava viajando para encontrar Labão; e naquela noite, enquanto estava dormindo, ele teve uma visão. “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar no caminho que vou seguindo e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa do meu pai, então o Senhor será o meu Deus, e esta pedra que tenho posto como coluna será a casa de Deus, e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. “Aqui, novamente, temos o dízimo. Jacó prometeu que em troca de bênçãos temporais do Senhor à ele, ele devolveria um décimo ao Senhor. Não nos é dito por que ele escolheu esse percentual; nem por que ele deveria dar o dízimo. Contudo, o fato de ele ter decidido fazer assim, sugere que, anteriormente, Deus, tinha revelado a Sua mente às Suas criaturas, e, particularmente, para o Seu povo, que um décimo de sua renda deveria ser dedicado a Ele, o Doador de tudo que elas possuíam.

O Dízimo na Lei de Moisés

Quando chegamos à lei mosaica, descobrimos que o dízimo era definitiva e claramente incorporado nela. “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais do terreno ou do fruto da árvore, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor.” E se alguém quiser remir uma parte dos seus dízimos, acrescentar-lhe-á a quinta parte. Quanto a todo dízimo do gado, ou do rebanho, de tudo o que passa de baixo da vara,o dízimo será santo ao Senhor” (Levítico 27:30-32). Note a expressão duas vezes repetida acerca do dízimo, que era “santo ao Senhor”. Ou seja, Deus reserva para Si mesmo, como o próprio Dono, tendo, portanto, direito exclusivo à um décimo de tudo que Ele nos deu e nos dá, dessa forma, esse percentual É “santo” ao Senhor.

Este antecipa um ponto que pode ter sido exercitado em algumas mentes. Quando dizemos que um décimo da nossa renda bruta pertence ao Senhor, sem dúvida, alguns seriam levados a dizer que toda a nossa renda pertence a Ele, que tudo o que temos nos foi dado por Deus, que nada é nosso no sentido pleno da palavra, já que tudo pertence à Ele. Isto é perfeitamente verdadeiro em um sentido, mas não é assim em outro. Em certo sentido, é verdade que todo o nosso tempo pertence a Deus, que não é nosso, e nós ainda precisamos dar conta de todos os momentos ociosos, mas em outro sentido, também é verdade que Deus separou um sétimo do nosso tempo, como sendo santo para Ele, ou seja, a sétima parte do nosso tempo foi separada para um uso sagrado. Ela não nos pertence, portanto, não podemos fazer com ele o que bem entendermos. O sábado de Deus não é um dia para sastisfazer os nossos próprios prazeres, é um dia nomeado e escolhido por Deus, sendo peculiarmente dEle e santo a Ele. Assim, um sétimo do nosso tempo deve ser gasto servindo a Deus. E aqui em Levítico 27:30-32, nos é dito que o dízimo é santo ao Senhor, ou seja, um décimo não é a nossa propriedade pessoal, portanto, não nos pertence. Não há nada que podemos argumentar acerca de tudo o que é colocado à parte para o uso sagrado: é exclusivamente do Senhor.

O Sustento da Família Sacerdotal no Velho Testamento

Disse mais o Senhor a Moisés: “Também falarás aos levitas e lhes dirás: “Quando dos filhos de Israel receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então desses dízimos fareis ao Senhor uma oferta alçada, o dízimo dos dízimos.” (Números18:25-26). A partir desta passagem, sabemos que o apoio da família sacerdotal no Antigo Testamento não foi deixado aos caprichos do povo, nem apoiado no espírito generoso de qualquer um. Deus não deixou que eles determinassem isso para si mesmos. O apoio da família sacerdotal foi especificado em termos definitivos. Era para a família sacerdotal derivar o seu apoio de um décimo de tudo que as outras tribos recebiam de seu aumento anual. E os próprios sacerdotes eram obrigados a tomar um décimo da porção recebida e apresentá-lo ao Senhor. Não havia exceções à regra.

Aqueles que leêm os livros históricos das Escrituras sabem muito bem como Israel falhou miseravelmente em obedecer a essa lei depois de terem sido estabelecidos na terra. De fato, quase todos os preceitos fundamentais e estatutos da lei que Jeová deu a Moisés foram esquecidos e desobedecidos por eles. Mas o que é muito importante é isto: em cada grande reavivamento de santidade que o Senhor enviou a Israel, o dízimo é uma das coisas que é sempre mencionada como sendo renovada e restaurada entre eles.

Primeiro, voltemos para 2 Crônicas 30. Este capítulo registra um grande avivamento que ocorreu nos dias de Ezequias. Houve um período de declínio nos reinados dos reis anteriores, mas nos dias de Ezequias Deus graciosamente deu uma benção de avivamento. Em 2 Crônicas 30:1, lemos: “Depois disso Ezequias enviou mensageiros por toda a Israel e Judá, e escreveu cartas a Efraim e a Manassés, para que viessem à casa do Senhor em Jerusalém, a fim de celebrarem a páscoa ao Senhor Deus de Israel.” As coisas tinham piorado a um estado tão terrível que o povo tinha deixado de celebrar a páscoa durante vários séculos! Todavia. quando Deus traz um avivamento, uma das características mais importantes é: tal renovação faz com que o seu povo sempre volte às Escrituras. Notemos isto cuidadosamente: um reavivamento enviado dos céus não consiste tanto em sentimentos felizes e entusiasmo espasmódico e exibições carnais, nem em grandes multidões de pessoas frequentando as igrejas. Essas não são as marcas de um avivamento enviado dos céus. Mas quando Deus renova a Sua obra da graça em Suas igrejas, uma das primeiras coisas que Ele faz é com que o seu povo retorne às Escrituras de onde partiu em seu caminhos e em suas práticas. Isso foi o que aconteceu nos dias de Ezequias. Lemos que ele escreveu cartas a Efraim e a Manassés para que esses fossem à casa do Senhor em Jerusalém para celebrar a páscoa a Ele, O Deus de Israel. Pense nisso e na necessidade de”cartas”! Agora continue a ler o capítulo 31, versículos 4, 5 e 6, e você encontrará os dízimos mencionados. “Além disso, para que os habitantes de Jerusalém se dedicassem à lei do Senhor, Ezequias ordenou-lhes que dessem aos sacerdotes e aos levitas a porção que lhes pertencia. Logo que esta ordem se divulgou, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias de trigo, mosto, azeite, mel e todo produto do campo; também trouxeram em abundância o dízimo de tudo. “Os filhos de Israel e de Judá que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram o dízimo de bois e de ovelhas, e o dízimo das coisas dedicadas que foram consagradas ao Senhor seu Deus e depositaram-nas em montões.” (vv. 4-6). Vemos que logo após tal retorno à obediência, Deus grandemente os abençoou.

A mesma coisa acontece novamente no décimo capítulo de Neemias. Recorde-se de que Neemias nos leva a um período posterior na história de Israel. Depois de terem sido levados para o cativeiro, Neemias registra o retorno de um pequeno restante do povo após os 70 anos na Babilônia. Então Deus levantou o rei Ciro para fazer um decreto permitindo voltar para sua própria terra todos aqueles que desejavam voltar. Neste capítulo descobrimos que no avivamento desta época, o dízimo também é mencionado: “E nós, os sacerdotes, os levitas e o povo lançamos sortes acerca da oferta da lenha que havíamos de trazer à casa do nosso Deus, segundo as nossas casas paternas, a tempos determinados, de ano em ano, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como está escrito na lei. Também nos obrigamos a trazer, de ano em ano à casa do Senhor, as primícias de todos os frutos de todas as árvores; e a trazer os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como está escrito na lei, e os primogênitos das nossas manadas e dos nossos rebanhos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes que ministram na casa do nosso Deus; e as primícias das nossas mãos, e as nossas ofertas alçadas, e o fruto de toda sorte de árvores, para as câmaras da casa de nosso Deus; e os dízimos da nossa terra aos levitas; pois eles, os levitas, recebem os dízimos em todas as cidades por onde temos lavoura.” (Neemias10: 34-37)

Agora vire para o último livro do Antigo Testamento. Malaquias nos leva a um ponto ainda mais tarde, e mostra-nos como o remanescente que havia retornado nos dias de Neemias também havia degenerado, se deteriorado e tinha abandonado a palavra da lei do Senhor. Entre outras coisas, observe as acusações que Deus traz contra Israel em Malaquias 3:7 e 8. “Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.” Quão sombrio é notar que neste penúltimo capítulo do Antigo Testamento, nós somos ensinados que aqueles que retêm o “dízimo” de Jeová são acusados de terem roubado a Deus! Sombrio, de fato!

O Dízimo no Novo Testamento

Só Deus tem o direito de dizer o quanto da nossa renda deve ser reservado e separado à Ele. E Ele tem dito isso clara e repetidamente nas Escrituras do Antigo Testamento, e não há nada no Novo Testamento que introduz qualquer alteração ou que deixa de lado o ensino do Antigo Testamento sobre este assunto tão importante.

Cristo também aprovou e ensinou o dízimo. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.” (Mateus23:23) Neste versículo, Cristo está repreendendo os escribas e fariseus por causa de suas hipocrisias. Eles tinham sido muito rigorosos e meticulosos em dizimar as ervas, mas por outro lado, tinham negligenciado os assuntos mais importantes, como o justiça e a misericórdia. Mas mesmo Cristo reconhecendo que a prática da justiça e da misericórdia era: “o que há de mais importante na lei”, portanto, mais importante que a do dízimo. Ele não anula esta última, dizendo que eles não deveríam ter deixado de fazê-la, e o fato de. Ele ter colocado a justiça e a misericórdia como sendo mais pesadas não quer dizer que Ele não exerce a Sua autoridade sobre a prática do dízimo, pois Ele diz: “Estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.” É muito bom para nós se pela graça de Deus, não omitimos a justiça, a misericórdia e a fé. É bom que pela graça de Deus estas virtudes tenham encontrado um lugar no meio de nós. Mas o dízimo não deve ser deixado de lado, e é Cristo mesmo quem diz isso.

A segunda passagem a ser observada é 1 Coríntios 9:13-14:”Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.”As palavras enfáticas são: “Assim ordenou também” no início do versículo14. A palavra”dízimo” não é encontrada nestes dois versículos, mas é claramente implícita. No versículo 13, o Espírito Santo lembra os santos do Novo Testamento que, sob a economia Mosaica Deus fez provisão para a manutenção daqueles que ministravam no templo. Então, quando Ele diz que nesta dispensação do Novo Testamento “assim ordenou também” (v. 14), Ele quer dizer que o mesmo meio e método deveriam ser utilizados para o auxílio e sustento dos pregadores do Evangelho como foram utilizados para a manutenção do templo e para o sustento dos obreiros dele na antiguidade. “Assim ordenou também”. Era o dízimo que sustentava os servos de Deus na dispensação do Antigo Testamento: “assim ordenou também” Deus, e designou que Seus servos na dispensação do Novo Testamento devam ser sustentados.

Vejamos também 1 Coríntios16:1 e 2. Aqui, novamente, vemos que a palavra”dízimo” não é usada, porém mais uma vez é claramente implícita. O princípio do dízimo é óbvio neste texto.”Ora, quanto à coleta para os santos fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme tiver prosperado, guardando-o, para que se não façam coletas quando eu chegar.” Agora, o que implica o mandamento de “por a parte”? Certamente significa uma ação pré-determinado e definido, ao invés de um impulso espontâneo, ou apenas o agir no calor do momento.Vejamos isso de novo. “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme tiver prosperado” (v. 2). Por que nos dizem isso? Por que é usada tal linguagem? Por que usar uma expressão como”por a parte”? É claro que a linguagem nos aponta de volta para Malaquias 3:10. “Trazei todos os dízimos à casa do_______”. Onde? A “casa do tesouro”! Era ali que os dízimos deviam ser trazidos. “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro.” Agora o que Deus diz aqui em 1 Corintios? “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder.” Há uma clara referência aqui com o mandamento de Malaquias 3, mas isso não é tudo. Olhe-o novamente. “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme tiver prosperado.” Isso significa uma proporção definida da renda. Não, “…cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme o seu próprio desejo”; ele não disse isso, nem diz “cada um de vós ponha de parte o que puder conforme é movido pelo Espírito”. Não, na verdade, ele não diz nada do tipo. Ele diz: “Cada um…ponha de parte, conforme tiver prosperado”, de uma forma proporcional, de acordo com uma base percentual. Considere agora! Se a minha renda hoje é o dobro do que era há um ano, e eu não estou dando mais a causa do Senhor do que eu dava antes, então eu não estou dando “conforme tiver prosperado”. Eu não estou dando proporcionalmente. Mas agora surge a pergunta: Qual proporção? Qual é a proporção que está de acordo com a vontade de Deus? “Conforme tiver prosperado.” Pode um homem levar uma proporção e um outro homem levar outra, e ainda assim ambos obedecerem a este preceito? Não devem todos trazer a mesma proporção, a fim de atender os requisitos desta passagem? Observe por um momento 2 Coríntios 8:14: “Mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade;”. Por favor, note que esse versículo ocorre no meio de um capítulo dedicado ao tema da contribuição financeira, e o que devemos observar é que, no início do versículo 14 e no final desse, temos repetido a palavra “igualdade”. Isto significa que todo o povo de Deus deve dar a mesma proporção de seus meios. A única proporção que Deus tem especificado em qualquer lugar em Sua Palavra é a do décimo ou “dízimo”.

Há uma outra passagem que devemos examinar: Hebreus 7:5 a 7: “E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão; mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas.”(Note a ordem! “recebeu dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas”). “Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. “No sétimo capítulo de Hebreus, o Espírito Santo, por meio do apóstolo Paulo, está mostrando a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio dos levitas. Uma das provas pela qual ele estabelece a transcendência da ordem de Melquisedeque, por meio do qual vem o sacerdócio de Cristo era que Abraão, o pai do povo escolhido, reconheceu a grandeza de Melquisedeque e deu- lhe o dízimo.

A referência em Hebreus 7 é, originalmente, registrada em Gênesis14, onde temos duas personagens típicas trazidas diante de nós. A primeira é Melquisedeque, um tipo de Cristo em três formas.

Em primeiro lugar: ele é um tipo de Cristo na sua pessoa, combinando o ofício de rei e o ofício sacerdotal. Segundo: um tipo de Cristo em seus nomes, combinando a justiça e a paz, pois “Melquisedeque” em si significa “paz”. E terceiro: um tipo de Cristo em que ele pronunciou a bênção sobre Abraão e trouxe pão e vinho, os memoriais de Sua morte .

Mas não era só Melquisedeque que era um tipo neste instante. Abraão também era uma personagem típica, um caráter representativo, visto que ele era o pai dos fiéis, e nós descobrimos nesta passagem que ele reconheceu o sacerdócio de Melquisedeque, dando-lhe um décimo dos despojos que o Senhor lhe permitira obter ao vencer aqueles reis. Já que esta história é referida em Hebreus, onde o sacerdócio de Cristo e as bênçãos da nossa relação com Ele e as nossas obrigações com Ele são definidas, o fato de que Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque, como mencionado lá, indica que, como Abraão é o pai dos fiéis, assim, ele deixou para nós, seus filhos, um exemplo a seguir, que se trata de dar dízimos àquele de quem Melquisedeque era o tipo. E a coisa bonita em conexão com as Escrituras é que a última vez que o dízimo é mencionado na Bíblia (aqui em Hebreus 7). Ele é ligado diretamente ao próprio Cristo. Todos os intermediários são removidos. No Antigo Testamento, os dízimos eram trazidos para os sacerdotes, e em seguida, levados à casa do tesouro. Mas nesta última referência nas Escrituras, o dízimo está ligado diretamente a Cristo, mostrando-nos que as nossas obrigações neste assunto estão ligadas diretamente ao grande Cabeça da Igreja.

No trecho acima, só introduzimos as Escrituras que apresentam a mente de Deus sobre este assunto. Na seção seguinte, lidaremos com ele de uma forma expositiva e argumentativa.

Um mal sempre leva a outro. O método designado por Deus para o financiamento da obra que Ele teve o prazer decolocar em nossas mãos, é o dízimo, ou seja, o por a parte um décimo de tudo que recebemos para ser dedicado a Sua causa. Onde o povo do Senhor fielmente faz isso, nunca há qualquer escassez ou endividamento. Onde o dízimo é ignorado quase sempre há um déficit, e, em seguida, os ímpios são convidados a ajudar ou métodos mundanos são empregados para levantar o dinheiro. Se semearmos o vento, não devemos ficar surpresos se ceifamos turbilhões.

Parte 2

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.”(Malaquias 3:10). Bem no fundo do coração de cada cristão, há, sem dúvida, a convicção de que ele deveria dar o dízimo. Há uma sensação desconfortável de que este é um dever que tem sido negligenciado, ou se você preferir, um privilégio que não foi apropriado. Ambas essas sensações estão corretas. Possivelmente existam alguns que se justifiquem, dizendo: “Bem, os outros cristãos também não dão o dízimo.” E talvez haja outros que digam, “Mas se o dízimo é obrigatório nesta dispensação, por que os pastores e pregadores estão em silêncio sobre o assunto?” Meus amigos, eles estão silenciosos acerca de um bom número de assuntos hoje: isso não prova nada. Na primeira parte deste artigo, tentamos mostrar três coisas:

Primeira, que o dízimo existia entre o povo de Deus muito antes da lei ter sido dada no Sinai e que no breve registro que temos daquele período histórico, aprendemos que Abraão, o pai dos fiéis, deu dízimos à Melquisedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo,e que quando Jacó teve a revelação do Senhor durante o seu caminho para Padã-Arã, ele também prometeu dar o dízimo à Deus. Em segundo lugar, vimos que quando a lei foi dada, o dízimo era definitivo e claramente incorporado nela, mas, como quase tudo pertencente a lei, Israel o negligenciou, até que, nos dias de Malaquias, encontramos o Senhor dizendo expressamente ao seu povo que ele tinha roubado dEle. Em terceiro lugar, descobrimos que no próprio NovoTestamento, temos tanto indicações como ensinamentos claros e simples que Deus requer que o Seu povo continue dando o dízimo ainda hoje, pois o este não é uma parte da lei cerimonial, é uma parte da lei moral. Não é algo que tem uma limitação dispensacional, mas é algo obrigatório para o povo de Deus em todos os tempos. Agora, vamos ir um passo mais longe. O dízimo é ainda mais obrigatório para os santos do Novo Testamento do que era para o povo de Deus nos dias do Antigo Testamento. Repito: o dízimo não é igualmente obrigatório, porém é mais obrigatório hoje. Digo isto por duas razões. Em primeiro lugar, com base no princípio de: “Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”(Lucas12:48b). As obrigações dos santos de Deus hoje são muito maiores do que as obrigações dos santos nos tempos do Antigo Testamento, porque os nossos privilégios e as nossas bênçãos são maiores. Já que a graça é mais potente que a lei, e assim como o amor é mais convincente que o medo, e pelo Espírito Santo ser rmais poderoso que a carne, a nossa obrigação de dar o dízimo é maior, pois temos um incentivo mais profundo para fazer o que é agradável a Deus. Ouça! O cristão deve dar o dízimo pela mesma razão que ele mantém todos os outros mandamentos de Deus, e pela mesma razão que ele mantém as leis do seu país, não porque ele é obrigado a fazê-lo, mas porque ele deseja fazê-lo. Como um cidadão cumpridor das leis do Reino de Deus, ele deve desejar manter o Governo de Deus e fazer o que é agradável à Sua vista.

Mais uma vez, na proporção em que o sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio de Arão, assim são as nossas obrigações de pagar o dízimo a Deus. O sacerdócio de Arão foi reconhecido e sustentado por Israel por meio do pagamento do dízimo para eles. No sétimo capítulo de Hebreus, o Espírito Santo defende a superioridade do sacerdócio de Cristo, que é segundo a ordem de Melquisedeque, com base no fato de que o próprio Melquisedeque recebeu dízimos de Abraão. Esse é o mesmo argumento que o Espírito Santo usa para estabelecer a superioridade da ordem de Melquisedeque do sacerdócio de Cristo. Ele apela para este fato registrado em Gênesis 14, que Melquisedeque, que era o tipo de Cristo, tomou dízimos de Abraão. Ele segue raciocinando: já que Levi estava nos lombos de Abraão, portanto, o sacerdócio de Melquisedeque de Cristo é maior do que o de Aarão porque o próprio Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque, que é um tipo de Cristo. Portanto, na proporção das maiores bênçãos, se desfrutamos de privilégios, estamos sob as obrigações mais profundas a Deus; e na proporção de que o sacerdócio de Cristo é superior ao dos levitas, assim é MAIOR a nossa obrigação de pagar o dízimo ao Senhor hoje, do que aquela obrigação sob a qual o Seu povo, de Israel, viveu nos tempos do AntigoTestamento.

Por Que Deus Designou o Dízimo?

A seguir, queremos sugerir algumas razões pelas quais Deus designou o dízimo.

Em primeiro lugar, o dízimo foi instituído como um reconhecimento constante dos direitos do Criador. Como nosso Criador, Ele deseja que O honremos com um décimo de nossa renda. Em outras palavras, o décimo é o reconhecimento de Suas misericórdias temporais e a admissão de que Ele é o Doador delas. É o reconhecimento de que as bênçãos temporais vêm dEle e são guardadas para Ele.

O Dízimo: Um Antídoto Contra a Cobiça

Mais uma vez, afirmamos que Deus designou o dízimo como a solução para a cobiça financeira, pois por natureza, todos estamos cheios de cobiça. É por isso que os dez mandamentos de Deus incorpora: “Não cobiçarás”. É por isso que Cristo disse aos seus discípulos: “Guardai-vos de toda a espécie de cobiça.” E o dízimo foi designado por Deus para nos livrar do espírito de ganância, para neutralizar o nosso egoísmo nato. Assim, o dízimo foi projetado para a nossa bênção, pois como todos os Seus mandamentos, nenhum deles é para nos agravar, isto é, para ser um fardo a carregar, mas são designados para o nosso próprio bem.

O Dízimo: A Solução Para Cada Problema Financeiro

Eu acredito que Deus tenha nomeado o dízimo como a solução para todos os problemas financeiros que possam surgir em conexão coma Sua obra. Enquanto os filhos de Israel praticavam o dízimo, não havia dificuldade em manter o sistema de adoração que Deus havia designado. E se o povo de Deus praticasse o dízimo hoje, haveria um fim de todas as dificuldades financeiras que estão atormentando muitos ministérios cristãos. Nenhuma igreja seria constrangida financeiramente onde os seus membros dessem o dízimo. E eu acredito que essa é a solução para igrejas rurais nos distritos de baixa densidade populacional. Onde você tiver dez homems cristãos, você terá o suficiente para sustentar um trabalhador permanente em seu meio, pois nenhum trabalhador deve desejar qualquer remuneração maior do que a renda média dos que o apóiam. Portanto, se você tiver dez homems cristãos dando um décimo de sua renda, não importa o valor da renda, você terá o suficiente para manter e sustentar um trabalhador integral em seu meio. Essa é a solução de Deus para o problema missionário. Onde quer que você tenha dez homems chineses, você tem uma situação em que eles devem ser independentes e não mais recebendo a ajuda do povo de Deus proveniente de outros países. É um escândalo e uma vergonha ver igrejas na Índia e na China hoje em dia que já existem há 50 anos ainda buscando ajuda financeira do povo de Deus na Austrália, na Inglaterra e nos Estados Unidos. E por que isso? Porque os ensinamentos da Palavra de Deus têm sido negligenciados. É porque eles nunca foram ensinados a base das finanças cristãs. Não devemos nos supreender que o mundo missionário está lamentando a falta de fundos! Eles precisam ser ensinados finanças bíblicas. É por isso que Deus designou o dízimo. É a soluçãode todos os problemas financeiros relativos à Sua obra. Onde é praticado o dízimo, nunca haverá qualquer endividamento.

O Dízimo Como Uma Prova da Nossa Fé

Agora, então, em quarto lugar. Deus determinou o dízimo como uma prova da nossa fé e também para o desenvolvimento e o sustento desta, especialmente para os cristãos novos na fé. Aqui está um jovem que acaba de começar a sua vida independente, fora da casa dos seus pais. Ele professa ter confiado à Deus a enorme questão do seu futuro eterno. Ele professa ter fé e deixou os seus interesses imortais nas mãos de Deus. Bem, agora, ele ousa confiar em Deus com um décimo de sua renda por um ano? Meus amigos, o dízimo desenvolve em jovens cristãos o espírito de confiança no Senhor em seus assuntos temporais.

Duas Objeções Previstas

Antes de passar para o ponto seguinte, vamos antecipar duas objeções. Quando o assunto do dízimo é trazido perante o povo do Senhor, geralmente há alguns que dizem: “Bem, eu acho que é o dever de um homem sustentar a sua própria família e casa. ”Sim, eu também. As Escrituras assim ensinam. Não há nada de errado nisso. Eu iria além, pois acredito que é perfeitamente apropriado um jovem cristão desejar e buscar uma renda cada vez maior com a qual poderá sustentar adequadamente a sua família conforme esta vai crescendo, mas se ele não for um dizimista, ele não terá a garantia de Deus de que a sua renda atual vai mesmo ser mantida e muito menos ampliada. Mas o dizimista tem essa garantia da parte de Deus, como ainda veremos, a não ser que os nossos olhos estejam fechados.

E então, talvez, haja alguns que digam: “Eu não posso pagar o dízimo, pois tenho feito alguns investimentos que acabaram dando muito mal. ”Sim, e tais investimentos são susceptíveis a ficar ainda piores se continuar roubando a Deus! Meus queridos, vocês precisam de orientação divina quanto aos seus investimentos, e Deus não vai dar essa orientação enquanto estiver andando contrário à Sua vontade revelada acerca das finanças da igreja. Estou plenamente convencido de que, na maioria dos casos, se não todos os casos, você tem crentes na meia idade ou na terceira idade que estão em dificuldades financeiras porque roubaram a Deus nos seus anos anteriores (Isso pode parecer duro, mas é a Palavra de Deus: Ela é penetrante: condena, repreende e humilha). Não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer! Se eles não buscaram a Sua glória de acordo com a Sua Palavra no uso do dinheiro que Ele lhes deu, então não devem se surpreender se Ele retiver isso deles agora: Veja Jeremias 5:25! Há uma causa para cada efeito. Há uma explicação para todas as coisas na Palavra de Deus também.

“Fazendo Prova de Deus”

Agora vamos tratar mais estreitamente com o texto em si. Há três coisas que eu desejo que você observe com cuidado. “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos,”(Malaquias3:10). Meus amigos, esta é uma expressão assustadora e notável. Deus diz: “Prove-me.” Estas palavras significam o seguinte: Coloque O Todo-Poderoso em julgamento (e seria pecado, seria absolutamente mau, qualquer criatura fazer isso a menos que ela tenha sido, definitivamente, ordenada a fazer isso). “Fazei prova de mim” com o dízimo. Em outras palavras, o nosso texto nos diz colocar Deus à prova, para testá-lo e ver o que Ele vai fazer. Estamos convidados a dar-Lhe um décimo de nossa renda e, em seguida, ver se Ele permitirá que sejamos perdedores. “Fazei prova de mim.” Digo-vos, meus amigos, a minha alma está maravilhada pela condescendência incrível do Altíssimo ao colocar-se em tal posição. Deus permite ser colocado em julgamento por nós, e o dízimo é um processo de prova. Ele é um meio pelo qual podemos demonstrar no reino material a existência de Deus e o fato de que Este é soberano sobre todos os assuntos temporais. Se você tiver qualquer sombra de dúvida em sua mente e coração para saber se Deus existe ou não, ou quanto ao fato d’Ele controlar todas as coisas temporais, você pode ter essas dúvidas removidas por uma demonstração absoluta da realidade da existência de Deus e do Seu controle sobre os assuntos temporais. Como? Por, de forma regular, fiel e sistematicá, dar-Lhe um décimo de sua renda bruta, e depois ver se Ele vai deixar você ter prejuízo ou não: provando assim se Ele honra aqueles que O honram: provando se Ele vai deixar-se ser devedor a qualquer homem. Ele diz: “Prova-me, prova-me, coloca-me à prova.” Vós santos temerosos, não importa se sua renda é de apenas R$1 por dia, e você tem que fazer de tudo e além para conseguir sobreviver. Tome um décimo, dedique-o ao Senhor e depois verá se Ele permanecerá como o seu devedor. “Fazei prova de mim,” Ele diz. Experimente-me para ver se sou digno de sua confiança; coloque-me à prova e veja se vou decepcionar a sua fé. Como dissemos acima, Deus designou o dízimo como uma prova da fé, para o desenvolvimento da fé. Se o jovem cristão só começasse a provar a Deus no reino material, provando-o da forma prescrita, que confirmação teria! Como isto iria capacitá-lo a confiar em Deus nas coisas temporais! Uma das coisas mais difíceis que o cristão comum encontra em fazer.

“As Janelas do Céu” Abertas

Agora voltemos ao texto. Observe a expressão: “…fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu.” O que Ele quer dizer com isso? “Se eu não vos abrir as janelas do céu.” As Escrituras devem sempre interpretar as Escrituras. Se você voltar para o sétimo capítulo de Gênesis, versículos 11 e 12, você achará uma expressão idêntica que é usada lá, e isso explica a força desta aqui em Malaquias 3. Leia Gênesis 7:11-12: “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram, e caiu chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. “Agora, a mesma expressão que é usada em Gênesis 7 em conexão com o Dilúvio é usado aqui em Malaquias 3 em conexão com o retorno, a resposta, as bênçãos que Deus prometeu aos que O honram com a sua substância, por dedicar o dízimo ao Seu serviço. Em outras palavras, a expressão”abrir as janelas do céu” significa uma abundante efusão. Agora escute! Isso não significa uma bênção espiritual abundante. Não tem um significado espiritual de jeito nenhum, pois bênçãos espirituais não podem ser compradas. Você pergunta, podem as temporais? Em certo sentido, sim. Certamente que podem no sentido de que Deus prometeu que colheremos o que semeamos; no sentido de que Ele prometeu honrar aqueles que O honram; no sentido de que Ele prometeu um retorno generoso para um doador generoso. Certamente! Assim, da mesma forma que Ele prometeu longura de dias para as crianças que honram seus pais. Isso é uma bênção que é comprada! Agora, então, ouça! Quando Deus prometeu abrir as janelas do céu e derramar uma bênção, não é espiritual, é temporal. Ele promete um aumento na sua renda. Claro que Ele faz isso. Você acha que Deus Todo-Poderoso seria o seu devedor? Você acha que o Altíssimo lhe permitiria ser o perdedor, porque você é fiel à Palavra dEle e obediente à Sua vontade em dar a Ele um décimo de sua renda? Claro que não. E dizemos mais uma vez, a grande razão pela qual tantos entre o povo de Deus são pobres é porque eles têm sido infieis com o dinheiro que Deus lhes deu. Roubaram a DEUS! Não é de admirar que eles sofram adversidades e infortúnios. Alguns de nós precisamos voltar a ler nossas Bíblias sobre o tema dos princípios e condições da prosperidade temporal. Alguns precisam aprender que o Deus do Novo Testamento é o Deus do Antigo Testamento e que Ele não muda. Deus não muda. Ele não varia os princípios do Seu governo. O Deus que deu colheitas abundantes para o Seu povo nos tempos do Antigo Testamento, os quais honraram a Sua Palavra, isto é, obedeceu-a totalmente, é o mesmo Deus que está no trono hoje, e o mesmo Deus dá colheitas abundantes e prosperidade nos negócios daqueles que o honram. Mas para aqueles que encontram adversidades e infortúnios financeiros, há uma razão para isso; é claro que há. O mundo chama isso de “má sorte”. O mundo não entende estas coisas, mas nós devemos!

“O Suficiente e Mais Do Que o Suficiente”

É muito óbvio que os tradutores não sabiam o que fazer com este texto, se você observar as palavras que eles têm colocado em itálico em algumas versões: “se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramarei sobre vós uma benção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”Olhe como se lê a última parte de Malaquias 3:10 no original (agora deixe de fora as palavras em itálico) “não suficiente.” As palavras em itálico não estão no original. Elas foram fornecidas pelos tradutores e provam que eles forneceram mais palavras na última cláusula do que realmente cabiam lá no original. Isso mostra que eles não sabiam o que fazer com esta frase. No hebraico original, traduzindo tão claramente como eu consigo, diz: “haverá o suficiente e mais do que suficiente.” Isso não varia muito entre os tradutores. Em outras palavras, significa: “A alma generosa prosperará.” Vire por um momento para 2 Crônicas 31 e observe agora o décimo versículo: “Respondeu-lhe Azarias, o sumo sacerdote, que era da casa de Zadoque, dizendo: Desde que o povo começou a trazer as ofertas para a casa do Senhor, tem havido o que comer e de que se fartar, e ainda nos tem sobejado bastante, porque o Senhor abençoou ao seu povo; e os sobejos constituem esta abastança. “Agora, se você ler os versículos anteriores irá descobrir que isto aconteceu quando o dízimo foi restaurado durante o avivamento nos dias de Ezequias. E aqui nos é dito que desde que o povo trouxe suas ofertas (o dízimo) para a casa do Senhor não havia apenas o suficiente, não havia mais do que suficiente; houve uma grande sobra! Ésempre assim quando fielmente honramos a Deus com os nossos recursos! John Bunyan escreveu:

“Havia um homem, Que diziam ser caduco; Pois quanto mais ele dava, Muito mais ele tinha.”

Sugestões Práticas

Para concluir, eu quero dar-lhe algumas sugestões práticas. Elas são muito importantes e muito simples. Na questão do dízimo, amigos cristãos, sejam tão rigorosos, cuidadosos e sistemáticos como vocês são em matéria de negócios. De fato, sejam mais ainda, pois não é o dinheiro do mundo nem o seu próprio, mas é o dinheiro do Senhor que está envolvido. Não confie na memória. Há alguns cristãos que dizem: “Bem, eu nunca me preocupei em manter todos os registros, mas tenho certeza de que se eu tivesse feito assim, seria constatado que eu tinha dado pelo menos um décimo para o Senhor.” Alguns de vocês até poderiam se surpreenderem pela descoberta, se vocês mantivessem um registro e dessem uma olhada lá, de quanto menos do que o décimo vocês têm dado! Em primeiro lugar, gostaria de sugerir isto. Criem o hábito de tirar um décimo de todo o dinheiro que vocês receberem como salário ou presentes. Subtraiam um décimo e coloquem-no em uma carteira separada, ou numa caixa, ou saco ou bolsa. Isso é o que significa quando se dizem 1 Coríntios16, “ponha de parte.” Aquela caixa ou bolsa passa a pertencer ao Senhor, e não a vocês. É sagrada a Ele. Formem o hábito de tirar um décimo de tudo que vocês receberem, logo que receberem, colocando-o em um compartimento separado pertencente ao Senhor.

Em segundo lugar, obtenham um pequeno livro, um caderno barato, e em uma das páginas anotem a data e todo o dinheiro ganho durante aquela semana. Isso não lhes tomará muito tempo, no final da semana, façam a anotação em uma página de quanto ganharam, e na outra anote o dízimo pertencente a Deus.

E, em seguida, em terceiro lugar, peçam em oração que Deus te guie aonde dar e usar na obra dEle o dinheiro que pertence a Ele. Estas finanças não são suas; são dEle. E lembrem-se de que você ainda nem começaram a dar até que vocês tenham pago o dízimo. A generosidade além do dízimo vem em seguida. O dízimo é do Senhor. Não é de vocês. Ele pertence ao Criador, portanto, não o dê a qualquer um. Vocês não começaram a dar até que tenham dado o seus dízimos.

Uma Testemunha

Agora para finalizar, eu quero citar um trecho de uma carta recortada de uma revista religiosa publicada na Inglaterra. Esta revista tem recebido correspondências, uma série de cartas, sobre o desemprego na Inglaterra, entre o povo de Deus. Eis o testemunho de alguém que escreveu para esta publicação:

“Vinte e cinco anos atrás, sendo influenciada pela leitura da biografia de George Müller, fui levada a dar um décimo da minha renda ao Senhor. Eu acho que eu estava ganhando 6€ (R$ 56) por semana na época. Durante os primeiros anos, eu achava isto um sacrifício. Um décimo parecia muito, mas tornou-se tanto um hábito comigo de dividir e colocar a parte de uma só vez o décimo do Senhor, que há anos já não parece ser mais um sacrifício. E o que tem sido o resultado? Está aqui: Eu provei a verdade de que Ele honrará aqueles que O honram. Desde então—e até durante a guerra—eu não tenho sofrido nenhuma pobreza. Apesar de ser uma assistente de loja e agora tendo mais de quarenta anos, eu faltei por doença apenas uma semana em vinte e cinco anos.O que torna isto ainda mais maravilhoso é que depois dos vinte anos, tornei- me um pouco surda e isso tem aumentado (e eles não querem assistentes surdos para tratar com as pessoas em uma loja, não é?) e, louvado seja o Senhor, eu ainda tenho o meu emprego. Quando leio a respeito de tantos outros casos tristes de desemprego, eu louvo ao Senhor por Sua misericórdia para comigo.”

Um testemunho como este vale vinte argumentos. E, meus amigos, eu quero dar o meu próprio testemunho de que, após a experiência e observação de vinte anos, eu também tenho provado a verdade do nosso texto que Deus faz abrir as janelas do céu e que Ele dá mais do que suficiente em resposta a simples obediência a Ele.

“Fazei prova de mim.” Esse é o desafio de Deus para você. Ele desafia você a prová-lo na esfera financeira. Você professa ter fé nEle, estar confiando que Ele guarda a sua alma. Agora Ele lhe desafia para ver se você tem fé suficiente para apenas confiar nEle com um décimo de sua renda por um ano. Afinal, no caso dos filhos de Israel, era uma questão de esperar quase doze meses para qualquer retorno. Eles eram agricultores. Prove o Senhor durante doze meses. Espere um período de tempo razoável e, em seguida, veja se Ele permite que você sofra prejuizo ou não.”Fazei prova de mim.” Esse é o desafio de Deus para a sua fé. Irmãos e irmãs, faça-o e veja se Ele não vos abrirá as janelas do céu e não derramará sobre vós uma bênção tal que não haverá” o suficiente e mais do que suficiente.”

Autor: Arthur Walkington Pink
Tradução: Benjamin G Gardner 08/2014
Correção Gramatical: Ercia Nascimento 10/2014

Published inEclesiologia - Doutrina da Igreja