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Capítulo 33 – Por que o lava pés não é uma ordenança da igreja?

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Ainda que tenhamos alguns que, tendo sido criados entre certos batistas falsificados, lava pés, são inclinados a crer que o lava pés devera ser observado como uma ordenança da igreja, ocupamos espaço para mostrar isto não é verdadeiro. Damos seis razões:

  1. CRISTO NÃO O INSTITUIU COMO UMA ORDENANÇA DA IGREJA

            É verdade que Cristo lavou os pés aos Seus discípulos na mesma noite em que Ele instituiu o memorial da Ceia. E é verdade que Ele mandou Seus discípulos lavarem os pés uns dos outros; mas tanto no exemplo como na ordem não há nada que indique observar se a lavagem dos pés na capacidade de igreja. É, puramente, matéria individual. Tinha que ver com o dever do hospedeiro ou hospedaria para com o hóspede.

  1. AS EPÍSTOLAS DO NOVO TESTAMENTO NÃO O APRESENTAM COMO ORDENANÇA DA IGREJA

            Nessas epístolas temos amplas instruções a respeito do batismo e da Ceia do Senhor, mas nenhuma palavra sobre o lava pés como uma ordenança da igreja. Isto é prova tão certa que as igrejas do Novo Testamento não praticam o lava pés na capacidade de igrejas como um silêncio correspondente é prova que elas não reconheceram um Papa, nem adoraram imagens, nem oraram a Maria, nem confessaram os seus pecados a um sacerdote, nem praticaram a extrema unção.

III. O LAVA PÉS MODERNO NÃO É UM ATO TAL COMO O QUE CRISTO EXECUTOU

            Cristo realizou e mandou um ato de serviço, mas a lavagem dos pés de uns aos outros não é mais um ato de serviço. Todos aqueles que estão mesmo remotamente familiarizados com os costumes dos tempos quando Jesus andou por este mundo, sabem que o povo naquela época usava sandálias soltas comuns. Isto causava a lavagem dos pés muito freqüentes, necessária por causa tanto do conforto como da limpeza. Um dos primeiros deveres do hospedeiro ou da hospedeira, à chegada de um hospede, era pelo menos prover água para a lavagem dos pés, porque era muito desconfortável e desagradável sentar-se com a poeira e a areia apanhadas nos pés e nas sandálias ao palmilhar o hóspede a caminhada. Cristo mandou aos Seus seguidores fazerem mais que prover água: mandou-os lavarem atualmente os pés uns aos outros. Era para realizarem assim um ato de serviço humilde. Mas, por causa da mudança de calçado, o lava pés de uns  para com os outros hoje (salvo nos casos de enfermidade, morte, ou alguma emergência) não é mais um ato de serviço; nada mais que uma peça de formalidade desnecessária e sem sentido. Seria tido como um insulto (e justamente assim) oferecer-se alguém hoje para lavar os pés de um hóspede, pois tal implicaria que o hospede era muito desmazelado com a higiene corporal. Insistir que o mandamento de Cristo ainda está vigente literalmente, quando não há mais necessidade do ato é perder o verdadeiro sentido do Seu mandamento. É exaltar a letra à custa do espírito. Para seguirmos o espírito do mandamento de Cristo realizemos atos reais de serviço uns pelos outros.

  1. OS CRENTES DO NOVO TESTAMENTO PRATICAM O LAVA PÉS COMO UMA MATÉRIA INDIVIDUAL NO LAR

            Prova disto se acha em 1 Tim. 5:10. Este  verso dá algumas das qualificações de viúvas que eram dignas de receber auxílio material da igreja. Cada uma dessas viúvas deve “ter lavado os pés dos santos”.  Agora, se a igreja em Éfeso (a que Timóteo estava ministrando ao tempo em que recebeu esta carta) tinha estado praticando o lava pés na capacidade de igreja, cada membro da igreja podia ter cumprido esta qualificação e sua menção entre as qualificações de viúvas que estavam merecendo seria, portanto, desnecessária e sem sentido. A menção do lava pés nesta conexão mostra conclusivamente como os crentes do Novo Testamento consideravam o mandamento de Cristo. Eles o consideraram como matéria individual pertencente especialmente ao lar. Estava em nível com a criação de crianças, alojamento de estrangeiros, alívio dos aflitos, etc.

  1. O LAVA PÉS MODERNO NÃO MOSTRA HUMILDADE

            Não obstante tudo que temos dito, alguém pode dizer: “Sim, mas quando lavamos os pés uns dos outros, mostramos nossa humildade”.  Isso traz à mente uma história pertinente. Um homem veio ao seu pastor e disse: “Pastor, creio que sois um bom homem e pregais alguns excelentes sermões; mas parece que faltais na humildade.” O pastor lhe disse: “Talvez esteja eu faltando em humildade. De fato, muitas vezes sinto que o estou; mas suponho que sois homem humilde.” O homem replicou:  “por certo que sou e douo-me por mostrá-lo também.” Qual dos dois era mais humilde, o pastor que reconheceu sua falta ou o outro que se orgulhava e buscava exibir?  Moral: A suposta humildade vãmente exibida é uma espécie de orgulho.

  1. O LAVA PÉS MODERNO NÃO SIMBOLIZA NENHUMA VERDADE ESPIRITUAL

            Portanto, o lava pés é totalmente diverso do batismo e da Ceia do Senhor e não merece lugar como uma ordenança da igreja.

            Houve um belo significado apegado ao lava pés dos discípulos por Jesus. Ele assinalou a manutenção de nossa comunhão com Cristo a despeito da contaminação recorrente do pecado, ou a restauração dessa comunhão quando ela (nossa comunhão com Cristo; não nossa atitude legal nEle) tenha sido quebrada por deslize espiritual temporário, cuja restauração Cristo realiza por trazer-nos ao arrependimento e confissão através da obra do Espírito Santo. João 13:8-10 transmite incisivamente este belo e gracioso significado. Nestes versos há duas palavras gregas usadas para transmitirem a idéia de purificação “nipto” e “louo”. A última faz referência ao banho do corpo inteiro, ao passo que a primeira se refere à lavagem de partes do corpo, tais como as mãos e pés. Quando Jesus disse a Pedro (v. 8): “Se eu te não lavar, não tens parte comigo”,  Ele empregou “nipto”. E quando Ele disse (v.10): “O que esta LAVADO não precisa senão de LAVAR seus pés”,  Ele empregou ambas as palavras “louo” no primeiro caso e “nipto” no segundo. Nestas duas citações Jesus assinala claramente o significado de Sua lavagem dos pés dos discípulos. Na primeira citação Jesus podia ter feito referência a nada mais fora da purificação espiritual, porque Ele não lavou literalmente os pés de muitos que com Ele tiveram parte então e Ele não lavou literalmente os pés a qualquer dos vivos que agora tem parte com Ele. Na segunda citação, então, Jesus discrimina a espécie de purificação a que Ele se referiu na primeira citação. Quando Pedro foi informado da importância da lavagem espiritual dos pés, ele mal entendeu o significado de Cristo e impulsivamente pediu um banho completo. Jesus então lhe disse que ele não precisava de um banho completo, mas apenas da lavagem dos seus pés. O banho completo (indicado por “louo”)  tipificava a “lavagem da regeneração” (Tito 3:5) na qual uma “lavagem de água pela palavra” (Efe. 5:26). Enquanto a lavagem dos pés (indicada por “nipto”)  tipificava a manutenção e restauração de nossa comunhão como já indicada. Vide 1 João 1:7,9. Quando Cristo disse a Pedro:  “O que faço não o sabes agora, mas sabê-lo-ás depois”,  cremos que Ele quis dizer que a lavagem dos pés de Pedro tinha especial e particular referência à restauração depois de sua queda. Temos a recordação desta restauração em João 21:15-17. Isto foi o profundo sentido espiritual do lava pés dos discípulos por Cristo, tipificando a contínua purificação que recebemos de Cristo. Cristo disse: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo.” É Cristo que nos lava a todos e não nós que lavamos uns aos outros. Portanto, a lavagem recíproca dos pés não pode ter significado espiritual.

            Ao encerrar ajuntaremos o que temos dito dizendo que não há uma razão escrituristica para praticar-se o lava pés como uma ordenança da igreja, e assim não se praticou nas igrejas do Novo Testamento. É uma trêta segundo se pratica hoje, adição ao padrão divino.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

Published inTeologia sistemática T. P. Simmons