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Pergunta 34 – O que é santificação?

34. Pergunta. O que é santificação?

Resposta. A santificação é a obra do Espírito de Deus (1), pela qual somos renovados no homem novo feito à imagem de Deus (2), e somos mais e mais capacitados a morrer para o pecado, e a viver para a justiça (3).

1. II Tessalonicenses 2.13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.

2. Efésios 4.24. “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”.

3. Romanos 6.10. “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas, quanto a viver, vive para Deus”.

Introdução

Hebreus 12.14

O que significa

A palavra “santificar”, como usada na Bíblia, significa principalmente de separar algo para um uso especial. Um exemplo disso é a santificação do sábado, uma separação do sétimo dia dos demais dias da semana para um propósito especial (Êx. 20.8-11; Deut 5.12-15).

Mas a santificação não é apenas uma separação. Significa também uma separação para a santidade (Núm. 6.5-8; Hebreus 7.26; II Tim 2.19-21). A palavra “santificação” também tem a idéia de purificação ou de uma lavagem (Hebreus 9.13-14; Efés. 5.26).

O léxico de Thayer’s consta o significado da palavra “santificar”: dar ou reconhecer por venerável, honrar, separar de coisas profanas e dedicar-se a Deus; consagrar; purificar (Simmons, p. 361).

Como o pecado nos culpou e nos sujou na nossa natureza, Deus, por Cristo, na salvação nos justifica, tirando a culpa; nos adota, oficializando nossa posição de filho; e nos santifica, nos dando uma natureza santa (Romanos 5.17; 6.19). A justificação tira a nossa culpa legal diante de Deus. A adoção nos dá uma relação familiar. A santificação nos faz andar moralmente limpos diante de Deus e dos homens. Na justificação recebemos o título da inocência. Na adoção é dado o título da nossa herança. Na santificação somos feitos capazes de desfrutar e usufruir daquela herança (Fil. 4.13; I Cor. 1.30; 6.11; I João 1.9).

Definindo melhor, a santificação é aquela operação que muda o nosso caráter e a nossa conduta. Ela opera em nós uma capacidade para adorar a Deus corretamente e nos qualifica para gozar o céu. A santificação faz que sejamos feitos, tanto na natureza quanto na prática, segundo a imagem de Cristo (Romanos 8.29).

O tempo da santificação

A santificação é tanto imediata quanto um processo. A santificação é imediata quando focalizamos na posição do cristão, pela salvação, diante de Deus (santificação posicional). A santificação é um processo quando consideramos a posição do cristão, pela salvação, diante dos homens (santificação experimental). E tem ainda a santificação completa e perfeita gozada no céu (santificação futura). Queremos tratar do tempo da santificação primeiramente diante de Deus.

Diante de Deus

Na hora da salvação, o regenerado, que mostra a sua nova vida pela conversão, é justificado diante do juiz e adotado na família de Deus. Imediatamente e eternamente é lavado de todo seu pecado. Essa santificação e imediata é entendida em duas maneiras.

Primeiramente o cristão, pela santificação, é legalmente puro. Cristo é a nossa santificação legal (I Cor. 1.30, “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção:”). Cristo se entregou a si mesmo para purificar os seus (Efés. 5.25,26, “… Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,”). Por causa de Cristo entregar o seu próprio corpo para os pecadores arrependidos, esses são santificados eternamente diante de Deus (Hebreus 10.10, “na qual vontade temos sido santificados pelo oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.”; 13.12, “E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.”). O cristão, pela morte de Cristo, não tem mais nenhum pecado entre ele e Deus. Nos crentes lavados pelo sangue de Cristo, Deus não enxerga mais condenação (Jer. 31.34, “e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”; Romanos 5.1, “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso senhor Jesus Cristo;”). Nos crentes lavados pelo sangue de Cristo, não há mais sujeira (I Cor. 6.11, “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.”; Apoc 1.5; 7.14). Os que são salvos por Cristo não têm mais maldição (Gal. 3.13, “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo se maldição por nós; porque está escrito: maldito todo aquele que foi pendurado no madeiro;”). Não existindo mais condenação, sujeira ou maldição no salvo para com Deus, entendemos que o cristão é legalmente puro. Pela santificação legal somos postos numa posição santa diante de Deus.

Em segundo lugar o cristão, pela santificação, é moralmente puro. Pela regeneração, o espírito do homem foi feito vivo para com Deus. Este espírito novo no homem é a nova natureza criada nele pelo Espírito Santo quando o arrependido foi trazido a ser “em Cristo” (II Cor. 5.17, “nova criatura é”). Essa nova natureza não pode pecar (I João 5.18). Essa nova natureza tem prazer na lei de Deus, a declaração moral de Deus (Sal. 1.2; 40.8; 119.72; Romanos 7.22). Tendo essa nova natureza o santificado é feito como Cristo (João 4.34, “Jesus disse-lhes: a minha comida e é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar sua obra”), e, por Cristo, estes cumprem toda a lei moralmente (Romanos 2.29). Essa nova natureza é alimentada pela Palavra de Deus (I Pedro 2.2), pelo Espírito (Efés. 3.16), pela qual o santificado “vê” Deus (Mat. 5.8). Pela santificação o Cristão é feito santo imediatamente, em sua natureza, diante de Deus.

Diante dos Homens

Diante de Deus, o salvo não têm mais maldição, porém, diante dos homens, o cristão cresce na santificação (Prov. 4.18, “mas a vereda do justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”). Para entender melhor a santificação diante dos homens convém entender o que ela não é em comparação ao que é.

A Santificação não é:

Devemos entender que esta santificação diante dos homens, não é o melhoramento da carne. Mesmo que haja no processo da santificação diante dos homens uma manifestação cada vez menor da carne, a própria carne não melhora. A carne sempre tem o pecado habitando nela (Romanos 7.14-24). A carne sempre cobiça contra o Espírito (Gal. 5.17). O pecado da carne manifesta-se, mas, pela santificação, aprendemos a morrer à carne, porém a carne nunca fica livre do pecado. “A impiedade essencial da carne é sempre latente” (Simmons, p. 365).

A santificação diante dos homens também não é uma eliminação gradual do pecado na alma. Moralmente, o cristão já é puro diante de Deus alegrando-se, pelo homem interior, na lei de Deus (Romanos 7.22). A alma não tem mais pecado pois ela foi salva pelo sacrifício suficiente de Cristo (I Jo. 3.9). É a carne que continua com o pecado.

O processo da santificação diante dos homens também não é a interrupção total dos ataques de Satanás. Enquanto Satanás viver, ele lutará contra tudo o que está em prol da glória de Deus. Temos que ainda lutar “contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efés. 6.12; I Pedro 5.8, “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”).

Pela santificação não tornamos um alvo menos importante ao Satanás. Pode ser que o contrário seja verdadeiro.

A Santificação é:

O processo da santificação diante dos homens é a alma do cristão fortalecendo-se mais na santidade (Hb. 10.14), “pelo conhecimento renova … segunda a imagem daquele que a criou” (Col. 3.10). A alma fortalecendo-se mais e mais na santificação, o propósito da salvação de conformar nos a imagem de Cristo (Romanos 8.29), é atingido. Pela santificação somos mais e mais vistos como “irmãos” de Cristo (Hebreus 2.11).

Santificação diante dos homens é prática. O processo da santificação acontece no interior do cristão pelo Espírito Santo mas se revela externamente diante do mundo pela vida cristã do cristão. A santificação exterioriza-se na pregação de Cristo pelo viver da vida cristã publicamente (Hebreus 12.14, “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o senhor;”; Mat. 5.14-16, “Vós sois o sal da terra; … Vós sois a luz do mundo; … Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”). A santificação diante dos homens não é uma opção mas uma conseqüência normal daquela nova natureza nascida no cristão.

A santificação diante dos homem é experimental. O próprio cristão reconhece a obra da santificação na sua vida. O próprio cristão nota as mudanças nos seus desejos para com Deus, à Palavra de Deus, à oração, à santidade e à obediência (II Cor. 3.18, “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória de Deus, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”; Romanos 1.17, “porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: o justo ou viverá da fé”). O Cristão não pensa que já alcançou toda a perfeição mas reconheçe que felizmente não é o que era e ainda deseja mudar mais (Fil. 3.12-14).

A santificação diante dos homens é incompleta. O cristão sempre crescerá até o dia perfeito quando não existirá mais pecado presente, ou seja, no céu (Provérbios 4.18; Filipenses 3.12). Nesta vida terrestre, com o pecado na carne e mesmo com uma crescente manifestação na vida da nova natureza com as suas vitórias sobre a carne, nunca chegaremos à perfeição completa. Essa perfeição completa-se somente na glorificação.

34.1. A santificação é a obra do Espírito de Deus (1), pela qual somos renovados no homem novo feito à imagem de Deus (2), e somos mais e mais capacitados a morrer para o pecado, e a viver para a justiça (3).

1. II Tessalonicenses 2.13, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.

Os Meios da Santificação Posicional e Experimental

Diante de Deus – Posicional

A santificação diante de Deus vem de Deus mesmo. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes” (Tiago 1.17). Foi Deus que começou a boa obra em nós (Fil. 1.6; Efés. 1.3).

A santificação diante de Deus vem pela obra do Espírito Santo (I Cor. 6.11; II Tess 2.13; I Pedro 1.2).

A santificação diante de Deus tem a morte de Cristo como base pela qual o Espírito Santo opera (I Cor. 6.11; Gal. 3.13; Apoc 1.5; 7.14).

A santificação diante de Deus tem a fé como o meio pelo qual a alma se purifica (Atos 15.9; 26.18; I Pedro 1.22; II Ts. 2.13).

A santificação diante de Deus tem na Palavra de Deus um meio pelo qual a fé opera (Romanos 10.17) II Ts. 2.13,14, “fé da verdade …. pelo nosso Evangelho vos chama …” Por isso: Ide! Pregai! Ore!

Diante dos Homens – Experimental

A santificação do cristão diante dos homens vem de Deus (João 17.17; I Tess 5.23).

A santificação diante dos homens vem pela obra do Espírito Santo (Romanos 15.16). Ele nos guia (Romanos 8.14), nos transforma (Romanos 12.2; II Cor. 3.18), nos fortifica (Efés. 3.16), e, produz em nós o único fruto que agrada Deus (Gal. 5.22).

A santificação diante dos homens tem a vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e sobre Satanás como a base pela qual o Espírito Santo opera (I Cor. 6.11; 15.55-57; Gal. 3.13; Apoc 1.5; 7.14).

A santificação diante dos homens tem a Palavra de Deus como instrumento que Espírito Santo usa (João 17.17). A Palavra de Deus promove a obediência, previne e purifica-nos do pecado, nos reprova do pecado (II Tm. 3.16) e causa-nos a crescer na graça (I Tim 3.16,17; Sal. 119.9, 11, 34, 43, 44, 50, 93, 104; Hebreus 5.12-14; I Pedro 2.2).

A santificação diante dos homem tem a fé como meio pelo qual a palavra de Deus é eficiente ou melhor, exercitada (Gal. 5.22; Romanos 10.17).

A santificação diante dos homem tem a nossa própria obediência como meio para nos santificar (Romanos 6.19). Como o exercício físico desenvolve o apetite para o alimento, pelo qual recebemos os elementos para produzir crescimento, assim o exercício espiritual desenvolve apetite para a Palavra de Deus, pela qual recebemos os elementos para o crescimento na graça (Sal. 1.2,3). A nossa obediência deve envolver a oração (I Pe. 4.14), a freqüência à igreja onde Deus opera o Seu ministério pelo Seus ministrantes (Efés. 4.11,12), a observação das ordenanças do batismo e da ceia, o castigo e também as providências de Deus (a tribulação, a nossa personalidade, os nossos relacionamentos, as circunstâncias da vida, etc. Rm. 8.28). Essas coisas promovem a nossa santificação diante dos homens, não porque eles em si têm uma virtude, mas, como os outros meios, são usados pelo Espírito Santo. Pelos meios somos levados a crescer no temor de Deus e assim somos fortalecidos a termos uma obediência mais completa diante dos homens. Essas atividades mostram as glórias de Deus em Cristo pela vida. Deve ser lembrado: Os atos da obediência não têm graça neles separadamente, mas são meios pelos quais conhecemos Deus melhor, e somos santificados diante dos homens.

34.2 e 34.3 A santificação é a obra do Espírito de Deus (1), pela qual somos renovados no homem novo feito à imagem de Deus (2), e somos mais e mais capacitados a morrer para o pecado, e a viver para a justiça (3).

2. Efésios 4.24. “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”.

3. Romanos 6.10. “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado (A nossa posição), mas, quanto a viver, vive para Deus (A nossa prática)”.

Os Frutos da Santificação

A santificação do cristão não é algo estático ou neutro. A santificação produz evidências no interior do próprio cristão e também exteriormente diante o mundo.

A santificação na vida do cristão produz interiormente uma consciência real da impureza latente na carne. Muitos são os santos na Bíblia que lamentaram a sua impiedade mostrando-nos a realidade: quanto mais santo somos mais impuros nos sentimos (Jó 38.1,2; 40.3,4; 42.5,6; Isaías 6.3-5; Efés. 3.8; Fil. 3.12-15).

A santificação na vida do cristão produz interiormente um desgosto crescente ao pecado. Com o processo da santificação, o cristão torna-se mais e mais como Cristo. Aquilo que o Senhor odeia, o cristão santificado também odeia. Por isso o cristão odeia olhos altivos, a língua mentirosa, as mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e aquele que semeia contendas entre irmãos (Prov. 6.16-19; Zac 8.17). Pelo processo da santificação o cristão cresce mais no temor de Deus. O temor de Deus odeia o mal, a soberba e a arrogância, o mau caminho e a boca perversa (Prov. 8.13). Tanto mais que somos como Cristo mais odiemos o mal (Sal. 97.10). O crescimento no entendimento dos mandamentos do Senhor Deus faz que o cristão desgoste qualquer evidência de falso caminho (Sal. 119.104). Com a santificação, o cristão vê o pecado verdadeiramente pelo que é: inimizade contra Deus (Romanos 8.6; I João 3.4).

A santificação na vida do cristão produz interiormente um crescimento na graça e um apreço maior das coisas celestiais (Prov. 4.18; Sal. 119.101-113). Aquilo que Deus ama, o cristão santificado ama também. Por isso ele imerge-se mais e mais na oração, na Palavra de Deus, nos cultos públicos de adoração, na conformidade a Cristo no lar, nos pensamentos, nos estudos, no emprego, e na vida particular. Verdadeiramente o padrão moral de Deus é o que o cristão santificado ama mais continuamente (Sal. 119.113, “amo a tua lei”).

A santificação na vida do cristão produz boas obras exteriormente diante do mundo (Efés. 2.10). Com uma nova natureza, o cristão torna-se o sal da terra e a luz do mundo pelas suas boas obras (Mat. 5.13-16). Essas obras são boas, não por causa da sinceridade do cristão mas porque elas vem de um coração regenerado (Mat. 12.33; 7.17,18; João 15.5); do amor para realizar a vontade de Deus (Deut 6.2; I Sam 15.22; João 14.15; I João 5.3); do desejo de glorificar somente a Deus (João 15.8; Romanos 12.1; I Cor. 10.31; Col. 3.17,23); do um coração cheio de gratidão (I Cor. 6.20; Hebreus 13.15) e, da fé verdadeira (Tiago 2.14,17,20-22). Como o cristão, quando ainda estava na carne, usou os seus membros para toda a imundícia, agora, com a nova natureza, usa os seus membros para servir à justiça para santificação (Romanos 6.19; 12.1,2).

Reconhecendo que os frutos da santificação são muito além do que o homem pode produzir pelos esforços da carne, convém que a nossa espiritualidade seja examinada e provada pelo Senhor (Sal. 26.2; 139.23,24; II Cor. 13.5). Ai de nós se somos satisfeitos com a santificação que só agrada a religiosidade dos homens.

Existem frutos na sua vida Cristã?

Compilado pelo Pastor Calvin Gardner
Correção gramatical: Edson Elias Basílio, 04/2008 e
Robson Alves de Lima 11/2011 Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

Published inBíbliaCatecismo de C. H. Spurgeon