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Amar versus Apaixonar

Existe confusão em algumas mentes dos Cristãos sobre o exercício de paixão na adoração. Muitos dizem que é licito “apaixonar por Deus”.

Se pelas palavras podem ser transtornados os corações piedosos para praticarem no corpo e na igreja o que Deus nem os Apóstolos ensinaram (At 15.24), convém que definimos as palavras ‘amar’ e ‘apaixonar’ tanto em português quanto nas linguagens originais. Dessa maneira podemos manejar melhor a verdade (2 Tm 2.15).

Apaixonar: V. t. d.

1. Inspirar paixão a; despertar amor em: 2
2. Entusiasmar, exaltar, arrebatar: &
3. Consternar, prostrar: 2
4. Bras. NE Pop. Gostar de; apreciar: & V. p.
5. Encher-se de paixão; deixar-se dominar por sentimento profundo: &
6. Encher-se de paixão, de vivo entusiasmo: &
7. Encolerizar-se, irar-se, enfurecer-se.

Amar: V. t. d.

1. Ter amor a; querer muito bem a; sentir ternura ou paixão por:
2. Ter afeição, dedicação ou devoção a; prezar: 2
3. Sentir prazer em; apreciar muito, gostar de: 2 &
4. Praticar, realizar o amor físico com; possuir.
5. Ant. Desejar, querer.
6. Ant. Preferir, escolher. V. int.
7. Ter amor; estar enamorado: & &
8. Ser propenso ao amor ou capaz de amar: 2
(Fonte: Dicionário Aurélio Eletrônico)

Amar no hebraico: Deuteronômio 6.5, ahab, amor humano para pessoas, objetos, apetites, e Deus

Amar no grego: Mc 12.30; Jo 3.16, ágape, amor intenso que é medido pelo sacrifício; o amor que usualmente descreve o amor de Deus para com o homem.

Pelo dicionário da língua português, notamos que o ‘apaixonar’ é basicamente emocional (entusiasmo, irar-se, enfurecer-se) e relacionado com o corpo. Não posso achar nenhuma referencia Bíblica usando apaixonar em relação das ações do homem para com Deus, na adoração, ou no cântico. Essa ausência nos dê um poderoso argumento para dizer que a adoração a Deus é espiritual e não física ou simplesmente emocional.

Todavia, achamos a atitude de apaixonar, um amor que deixa-se dominar por sentimento profundo em vários casos na bíblia. Sansão ficou apaixonado por mulheres não judias varias vezes (Juízes 14.3; 16.1). À primeira destas ele declarou ao seu pai que quis argumentar com ele “Toma-me esta, porque ela agrada aos meus olhos”, ou seja, ele encheu-se de paixão; deixou-se dominar por sentimento profundo.

Outro caso de uma atitude de apaixonar é a mulher de Potifar para com José. (Jim. 39.6,7). José era formoso de porte e a mulher de Potifar “pós os seus olhos em José”, e assim, desejo ele, uma atitude de apaixonar, pois nela inspirou paixão ao José, ou seja, despertou amor por ele.

Poderíamos listar outros casos da atitude de apaixonar – Davi para com Bate-Seba, Judas para com dinheiro, mas esses casos são todos negativos e não para com Deus.

Achamos a palavra “paixão” usada duas vezes na bíblia: uma vez negativa e uso carnal (1Ts 4.5, “paixão de concupiscência” – pathos); e uma vez positiva e uso mental ou emocional (Hb 2.9, “paixão da morte” – pathema).

A palavra “paixões” é usada seis vezes no Novo Testamento (At 14.15, “paixões” de homens; Rm 1.26 “paixões infames”; 7.5, “paixões do pecado”; Gl 5.24, “paixões” da carne; 2 Tm 2.22, “paixões da mocidade” das quais devemos fugir; Tg 5.17, “paixões” de homem).

Existe um desejo forte e zeloso para com Deus (Sl 42.1- note que foi a alma que expressava tal desejo forte; 45.1, um cântico de amor – cântico sobre o que é amável), ou Seu tabernáculo (Sl 84.1). Esses desejos não são relacionados à operação da carne como são as palavras ‘apaixonar’ e ‘paixão’, mas relacionam-se à alma regenerada, e portanto, espiritual.

Sobre a palavra ‘amar’, o significado de qual temos o maior exemplo na pessoa de Cristo. Para um significado correto podemos entender que amar Deus, mesmo sendo uma emoção (todavia – uma emoção espiritual), é mais bem expressado na obediência aos Seus mandamentos (João 14.15) e a mortificação da nossa carne (II Tm 2.19) para que sejamos conformados à imagem de Cristo (Rm. 8.29).

Sobre o amor, ágape, deve ser enfatizado que “Deus é amor”. Se Deus é amor, o amor correto e agradável a Ele é espiritual, pois Deus é Espírito (Jn 4.24). A adoração, seja escrita, contemplada ou cantada, se for aceitável a Deus, deve ser pelo homem exercitada ‘em espírito’ (por aquele novo homem regenerado pelo Espírito em Cristo) e ‘em verdade’ (Jo 4.24).

A adoração que Deus deseja é fruto da Sua obra em nosso novo homem e nunca qualquer fruto do exercício dos sentimentos da nossa carne, mesmo que parecem sinceros. Mesmo que Deus fez o homem ter emoção, temos que reconhecer que o pecado tem corrompido a nossa carne (Jr 17.9; Mt 15. 19,20), e, por consequência, tem corrompido as nossas emoções. Podemos ter alegria, regozijo, zelo, e fortes atitudes para com assuntos relacionados a Deus, mas essas qualidades não são necessariamente santos, a não que fossem exercitados pelo homem novo (o homem interior que deleita-se na lei de Deus, que, por sua vez, é espiritual – Rm 7.14, 22) e esses exercícios devem se limitar à forma bíblica.

Convém considerar que o homem vê a aparência, mas Deus olha no coração. Portanto, a adoração adequada é espiritual e não aquela que apresenta numerosas posições do corpo ou gesticulações, os olhares apaixonados, ou simplesmente os sentimentos humanos que são tidos como religiosos (pesar profundo, expressões sorridentes, ou as atitudes de ar grave e solene, etc.).

Por último devemos entender que somos mandados a ‘amar’ a Deus e não nos ‘apaixonar’ por Ele. Se o ‘amar’ é aquele medido pelo sacrifício para o bem de outrem, devemos nos sacrificar para o bem do nosso próximo e para com Deus (Mc 12.30,31). Obedecendo A Deus com temor de todos os Seus mandamentos nos conformará à imagem de Cristo, e nisso, a nossa adoração será bem aceita.

Published inAdoração